A Univates publicou um documento que formaliza o seu posicionamento de respeito às diferenças.
A Política de Respeito às Individualidades fala sobre a importância do convívio de diferentes formas de ser e de pensar, que colaborem na produção de um ambiente cooperativo de valorização e promoção da dignidade humana em toda a diversidade.
De acordo com o reitor, Ney José Lazzari, todos os membros da comunidade acadêmica têm o direito de aprender, trabalhar e desenvolver-se em um ambiente livre de discriminação, preconceito, violência e assédio, em uma atmosfera de respeito mútuo e apreço pelas diferenças individuais.
“É papel da universidade promover o debate e enfrentar todas as situações de constrangimento e intimidação baseadas na falta de tolerância ou de respeito. Mais que uma política, esse documento é uma declaração do que a Univates aceita e não aceita em termos de respeito e tolerância com as pessoas”, afirma.
A partir dessa política, ficam estipuladas ações e incentivo a projetos de pesquisa e extensão sobre a temática, assim como a reflexão em sala de aula. Visa qualificar professores e funcionários técnico-administrativos e discutir temas relacionados, de forma transversal, nos currículos dos cursos e nas disciplinas.
A questão do respeito será abordada em eventos como o Seminário Internacional Diálogos na Contemporaneidade. Agendado para setembro, terá como temática as transgeneralidades.
Comitê
A partir deste ano, também deve ser instituído um comitê composto por professores, funcionários, técnico-administrativos e estudantes para avaliar eventuais casos de infração à política.
Os canais de comunicação da instituição estarão disponíveis para a escuta de quem quiser compartilhar experiências e fazer denúncia.
Vínculo
Segundo Fernanda Brod, diretora do Centro de Ciências Humanas e Sociais da Univates e coordenadora do grupo de estudos, que deu origem ao documento, a Política de Respeito às Individualidades considera diferenças relacionadas a questões de gênero, raça, religião, posicionamento político, entre outras.
“Essa política deverá ser vinculada à política de inclusão da Univates, pois entende-se que a inclusão deve abranger todas as diferenças.” Para ela, o respeito às diferenças é princípio de ações de comunicação, de educação, de pesquisa e de gestão da Univates.
Grupo de estudos
O documento é resultado do trabalho de um grupo de estudos composto por representantes de todos os centros.
Conta também com a participação de funcionários e da diplomada em Direito Daniele Pimentel, que já atuou como coordenadora de Políticas Públicas para as Mulheres no Centro de Referência à Mulher de Lajeado (Cram).
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O que pensa o Coletivo LGBT
Victor Alan Gomes, membro do Coletivo LGBT de Lajeado e região, acompanhou de perto o lançamento das novas políticas aplicadas à temática. “Quando soube da existência, expressei minha felicidade.
Fica um sentimento de ‘agora eu tenho amparo’.” Conforme ele, lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e transgêneros (LGBTTT) relatam que já sofreram algum tipo de preconceito no meio acadêmico, seja por meio de piadas, chacotas ou até olhares de reprovação.
“Essas novas políticas me dão o direito de questionamento, tiram o meu medo e dos meus amigos de serem quem eles realmente são.”
Ele acredita que não é algo que acabará com as agressões, mas ajudará a diminuir e dar voz para quem antes sentia desprezo.” Victor lembra que o coletivo sente o prazer de ver mais uma conquista saindo do papel.
“Nós lutamos para que todos sejam incluídos na sociedade e não existe algo mais bonito do que ver uma garota trans entrar para a faculdade e ser acolhida com respeito à sua identidade de gênero e nome social”, lembra.
Porém, faz uma ressalva. “Única falha é que não vi representatividade na elaboração dessas novas políticas, não li nomes de pessoas do meio que ajudaram a criá-las”.
De qualquer maneira, o sentimento é de que a universidade agora também representa a causa. “Com a nossa ajuda, espero que possa melhorar cada dia mais.”