O avanço da influenza aviária em países da Europa, África, Ásia e no Chile pode influenciar de forma positiva no mercado nacional e beneficiar a cadeia produtiva do Vale. Essa é a avaliação da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).
Em alguns países produtores, aves são sacrificadas para conter a propagação do vírus. A situação sinaliza a possibilidade de o Brasil ampliar as exportações. Hoje o país atinge 40% do mercado mundial. O status sanitário e a posição geográfica podem fazê-lo ocupar vazios deixados por mercados produtores atingidos pela enfermidade.
A produção brasileira de frango atinge cerca de 160 mercados em todo mundo. Segundo a ABPA, se outros exportadores forem impactados pelo vírus, podem ser suspensos e o produto brasileiro sai em vantagem.
A organização não estima um índice de crescimento, mas destaca que a cadeia produtiva avícola do Brasil tem capacidade para suprir as demandas interna e externa. “Os preços internos podem ser pressionados, mas não haverá falta de produtos.”
Impacto regional
No Vale do Taquari, as empresas exportadoras projetam um cenário positivo. De acordo com o gerente industrial do Frigorífico de Aves da Languiru, Fabiano Leonhardt, em um primeiro momento, essa situação possibilita acessar novos mercados e um aumento nos preços de forma temporária.
A cooperativa não pretende ampliar a produção para contemplar novos mercados. Segundo ele, isso exige um tempo maior e, nesse meio-tempo, a propagação da influenza pode ter passado. “Por enquanto, vamos levantar a possibilidade de destinar uma parte maior do mix para exportação.”
A Languiru exporta, em média, para 40 países. Além dela, a BRF é uma das principais exportadoras da região. A empresa preferiu não comentar o tema.
Na avaliação da Minuano, a enfermidade não deve influenciar no volume exportado. A empresa envia para o exterior embutidos e não trabalha com frango in natura.
Barreira sanitária
Os focos da influenza no Chile deixaram o Brasil em alerta. A proximidade e as condições geográficas e meteorológicas semelhantes acentuam a preocupação.
Segundo a ABPA, a cadeia avícola do Brasil é muito organizada e tem planos detalhados de prevenção e contingência. Protocolos de biosseguridade tratam de quarentenas e outras ações específicas para garantir a manutenção do status sanitário.
Além disso, as integrações de aves precisam atender a uma série de pré-requisitos estabelecidos pelo Ministério da Agricultura e das equipes de biossegurança para entrar em funcionamento.
Como medidas de segurança, nos últimos dias, as agroindústrias produtoras e exportadoras de carne de frango e empresas produtoras do setor de ovos suspenderam as visitas de todos os clientes e fornecedores às suas estruturas e áreas com aves vivas. Na região, a Languiru cancelou visitas em propriedades produtoras de frangos e na indústria.