Dilma eleva críticas aos opositores e ex-aliados

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Dilma eleva críticas aos opositores e ex-aliados

Senado confirma expectativa e cassa a presidente

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Dilma eleva críticas aos opositores e ex-aliados
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Depois de nove meses, chegou ao fim o processo de afastamento de Dilma Rousseff. Eram necessários 54 votos para confirmar o impeachment, margem alcançada com tranquilidade, pois 61 votaram.

Apesar de aparente tranquilidade, o último dia da sessão teve uma surpresa quando o senador Randolfe Rodrigues (Rede/AP) surpreendeu os colegas ao sugerir o desmembramento da denúncia. Com isso, uma votação decidiu o impeachment de Dilma e se ela deveria ou não perder os direitos políticos por oito anos. A proposta causou indignação em Fernando Collor de Melo (PTC/AL) presidente afastado em 1992. Mesmo com a discordância de tucanos e desafetos de Dilma, a proposta foi aprovada por 42 votos contra 36. Três senadores optaram pela abstenção.

Agora ex-presidente, Dilma Rousseff tem 30 dias para deixar o Palácio da Alvorada

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Defesa ainda vai recorrer

Poucas horas após ter seu afastamento confirmado, Dilma subiu o tom em seu primeiro discurso como ex-presidente. Além de reafirmar ter sofrido um golpe, garantiu que recorrerá da decisão para manter o mandato. “É uma inequívoca eleição indireta, em que 61 senadores substituem a vontade expressa por 54,5 milhões de votos. É uma fraude, contra a qual ainda vamos recorrer em todas as instâncias possíveis.”

A petista citou a base eleitoral que garantiu a eleição de 2014. “O golpe é contra os movimentos sociais e sindicais e contra os que lutam por direitos em todas as suas acepções. […] O golpe é contra o povo e contra a Nação. O golpe é misógino. O golpe é homofóbico. O golpe é racista.”

Temer toma posse calado

Diferente da ex-aliada, o agora presidente Michel Temer (PMDB) não fez discurso ao tomar posse do cargo. Por volta das 16h, ele chegou na Câmara Federal, cercado por deputados e senadores, ele foi até o plenário, onde prestou o juramento de posse e assinou o documento que o torna presidente. O primeiro ato como mandatário do país foi reunir-se com a cúpula ministerial e só então falou ao público.

Irritado, rechaçou a alcunha de golpista. “Golpista é quem não respeita a Constituição. Não vamos levar desaforo para casa. […] Não podemos deixar uma palavra sem resposta.” Ele ainda apontou como pretende negociar com os partidos aliados ao governo. “É um partido que está no poder e preza os demais e por isso quer que todos participem das políticas públicas do nosso país.”

Ele ainda aproveitou para criticar a condução do governo de Dilma, no qual foi vice nos dois mandatos vencidos pelo PT. “O que mais se dizia no passado e era extremamente desagradável, era que os partidos aliados não participavam da formulação das políticas governamentais. Isso não quero que aconteça no nosso governo.”

Análise sobre o impeachment

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“Agora ele vai adotar as medidas amargas, mexendo na CLT, na previdência.”

Para o jornalista, historiador e doutor em Sociologia, Juremir Machado da Silva, o afastamento da presidente sem a perda de direitos políticos foi uma forma de autoproteção da classe.

A Hora – Como o senhor avalia a votação que cassou o mandato de Dilma, mas manteve seus direitos políticos?

Juremir Machado da Silva – Acho que houve um acordo entre PT e PMDB, o primeiro com interesse em diminuir a punição em relação a Dilma para que ela não tivesse uma dupla condenação. Para o PMDB interessava muito a possibilidade de salvar seus políticos e Eduardo Cunha.

Temer se comportava como presidente, diferente de Itamar Franco no período de afastamento de Collor. Como o senhor acredita que será o governo Temer, agora que ele tem o Congresso a seu favor?

Machado da Silva – Agora ele vai adotar as medidas amargas, mexendo na CLT, na previdência. Ele vai adotar seu plano neo-liberal tão estudado por seus apoiadores. O Ronaldo Caiado mesmo disse que espera dele a adoção de medidas amargas.

Paula Cassol

“Acredito que o Governo Temer esteja se movimentando mudando a forma de atuar cortando benefícios de muita gente.”

Integrante do Movimento Brasil Livre (MBL), a advogada Paula Cassol, considera que saída de Dilma pode resultar na retomada da economia do país.

A Hora – Como avalia a votação que cassou o mandato de Dilma, mas manteve seus direitos políticos?

Paula Cassol – Eles fizeram uma aberração jurídica na medida que a Constituição é taxativa que o afastamento vem com a cassação dos direitos políticos. Acreditop que isso seja passível de apelação e que o STF vai rever isso. Mas estamos muito felizes com a decisão.
Temer se comportava como presidente, diferente de Itamar Franco no período de afastamento de Collor. Como o senhor acredita que será o governo Temer, agora que ele tem o Congresso a seu favor?

Paula– Acredito que o Governo Temer esteja se movimentando mudando a forma de atuar cortando benefícios de muita gente. A decepção hoje foi muito grande com a mudança do PMDB, votando a favor de Dilma. Não vamos tolerar nenhum acordão para barrar a Lava-Jato.

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