O pórtico da cidade, pela Rota do Sol, anuncia a terra do cooperativismo. Entre as cinco em funcionamento na cidade, três (Languiru, Certel e Sicredi) são protagonistas no cenário estadual. Cooperagri e Comatra completam o conjunto. Elas formam a base na produção de alimentos, energia, provedor de internet, artefatos de cimento, crédito financeiro e transporte, gerando emprego e renda no estado.
A Languiru começou atividades em 1955 a partir de um plantel com 174 agricultores, visando a venda de alimentos estocados. Hoje são seis mil famílias associadas, gerando 2.850 empregos diretos e indiretos. Cinco supermercados, dois em Teutônia, um em Poço das Antas, Bom Retiro do Sul e o mais recente, adquirido em Arroio do Meio. Também oferta ferramentas e insumos por meio de agrocenters, que totalizam três unidades.
O resultado na cadeira produtiva do leite, aves e suínos no Vale ultrapassou as fronteiras por meio de exportação para 40 países do Continente Africano, Leste Europeu, Extremo Oriente e Caribe. No ano passado, a Languiru apresentou patrimônio líquido superior a R$ 11 milhões, 16% a mais em relação a 2014.
A Hora – Qual a principal conquista da Languiru na cidade?
Dirceu Bayer – Foram várias conquistas nestes 60 anos de existência, mas talvez duas tenham sido marcantes para o desenvolvimento da Languiru e de Teutônia: a construção da primeira indústria de laticínios no bairro Languiru na década de 1960 e a construção do complexo formado pelos prédios do atual Agrocenter, antiga sede administrativa e pavilhão social também no bairro Languiru no ano de 1975 e inaugurados pelo então presidente da República, Ernesto Geisel.
Qual a meta da cooperativa para os próximos anos?
Bayer – Consolidar os investimentos realizados ao longo dos últimos anos e buscar alternativas para o crescimento do quadro social, gerando renda e emprego em toda a região. Especial atenção está sendo dada para atender a demanda do mercado consumidor e a viabilidade da pequena propriedade rural.
A Languiru tem apostado na sucessão familiar para a permanência do jovem no campo. Desde a iniciativa, qual o resultado dessa aposta?
Bayer – Os programas desenvolvidos para manter os jovens nas propriedades rurais têm possibilitado que a produção e a produtividade aumentassem muito. Registramos uma diminuição significativa na idade média dos produtores de aves, suínos e leite e especialmente o planejamento ordenado da sucessão familiar na propriedade, evitando conflitos entre gerações e consequente abandono dos negócios da família. Os associados têm respondido com produção suficiente para abastecer as novas plantas industriais que foram erguidas recentemente e dessa forma estão garantindo a continuidade das propriedades e da cooperativa.
“A relação do Sicredi com Teutônia é muito forte”
A Sicredi Ouro Branco é outro pilar econômico. Com 19 unidades de atendimento no estado, reúne mais de 55 mil associados e garante que os recursos administrados permaneçam em cada comunidade.
Hoje a cooperativa de crédito administra R$ 1,2 bilhão e tem patrimônio líquido superior a R$ 126 milhões. Conforme o diretor-executivo Neori Ernani Abel, a economia da cidade cresce e a instituição financeira sente o impacto positivo.
A Hora – O que a Sicredi espera da projeção econômica de Teutônia?
Neori Ernani Abel – Acreditamos que Teutônia continuará sua trajetória de destaque na região como uma das principais economias do Vale. Em virtude de sua diversificação, é competitiva, com condições de enfrentar eventuais adversidades.
Uma economia alicerçada em um setor industrial bem desenvolvido, com produção agropecuária que é capaz de alcançar índices de produtividade excelentes, aliada a um setor de prestação de serviços competitivo, indica que Teutônia continuará em desenvolvimento.
A Sicredi Ouro Branco é uma cooperativa que cresceu em paralelo com o município. Qual o segredo para o sucesso conjunto?
Abel – A relação do Sicredi com Teutônia é muito forte, pois a fundação da cooperativa foi no mesmo ano da emancipação do município. Estes 35 anos marcam a união de forças em prol da comunidade. Uma história de muito trabalho, desenvolvimento e prosperidade escrita por muitas mãos.
De que forma a Sicredi Ouro Branco contribui para a comunidade?
Abel – A Sicredi, como sociedade de pessoas, tem no cumprimento de sua missão contribuir para uma sociedade melhor e mais justa, por meio do relacionamento e oferecendo soluções financeiras para agregar renda e assim efetivamente contribuir para a melhoria da qualidade de vida dos associados e da sociedade.
Certel: cooperativa que iluminou a emancipação
A inauguração da quarta hidrelétrica da cooperativa Certel marcou o aniversário de 60 anos. No distrito de Cazuza Ferreira, em São Francisco de Paula, expandiu a área de atuação. Hoje são 48 municípios com infraestrutura energética e 70 mil pessoas beneficiadas com o serviço.
Além de ser referência no abastecimento de energia, a cooperativa ampliou os serviços para distribuir sinal de internet em 95% da cidade. Cerca de 4.250 clientes estão conectados à rede por meio da CertelNet.
A Certel Artefatos de Cimento, além de produzir e vender postes de concreto com até 40 metros de altura para o mercado gaúcho de energia, disponibiliza blocos de concreto, pisos intertravados para a pavimentação, construção civil e postes para loteamentos. No varejo, as três lojas em Canabarro, Languiru e Teutônia ofertam móveis, eletrônicos e permitem aos associados realizarem cadastros.
A Hora – Qual a ligação entre Teutônia e a cooperativa que expandiu-se para 48 municípios?
Erineo Hennemann – É com muito carinho que avaliamos esta relação duradoura entre a Certel e o município. A energia elétrica que passou a ser fornecida pela Certel, inicialmente aos moradores de Teutônia e, depois, a outros foi essencial por possibilitar o crescimento e a alavancagem da região.
Aliás, Teutônia tem uma acentuada vocação para o cooperativismo, tendo em vista que cooperativas de outros ramos também se desenvolveram e hoje representam importantes mecanismos de pujança, como a Languiru, no ramo agropecuário, a Sicredi Ouro Branco, no crédito rural, entre outras mais recentemente constituídas.
Quais são os projetos da Certel?
Hennemann – A cooperativa pretende manter-se focada na qualidade e na confiabilidade do fornecimento de energia elétrica e seus demais serviços aos seus associados. Existem outros projetos de usinas a serem construídas, cinco somente no Rio Forqueta, onde já temos duas.
A situação econômica propõe mudanças. A direção sentiu algum impacto nas finanças? Qual planejamento para equilibrar?
Hennemann – É necessário, mesmo diante dos maiores obstáculos, acreditar, lutar e jamais desistir. Inseridos num ambiente desafiador, também sentimos os efeitos da economia instável que assola o país. Com uma crise econômica, política e moral de demasiada proporção, é importante jamais perder o foco, acreditando e agindo, de fato, para o regresso da estabilidade.
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