Uso do Porto avança a passos lentos

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Uso do Porto avança a passos lentos

Gestão passa ao governo gaúcho, mas utilização do espaço portuário continua ínfima

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Uso do Porto avança a passos lentos
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Inaugurado em novembro de 1977 com o propósito de atender a demanda do transporte de trigo e soja no corredor de exportação de Rio Grande, o Porto de Estrela segue mergulhado em impasses burocráticos e na falta de políticas públicas voltadas ao uso de hidrovias. Capaz de movimentar três milhões de toneladas por ano, amarga um dos piores índices de aproveitamento entre os 33 portos organizados do país.

Em 2015, a movimentação atingiu 102 mil toneladas. Apenas cargas de areia destinadas a material de construção trafegaram pelo Rio Taquari. Oriundas do Rio Jacuí, seguem para uma empresa situada nas proximidades do porto, que mantém uma máquina particular posicionada no cais de acostagem para descarregar as embarcações. A capoeira no terminal, cuja extensão chega a 585 metros, retrata o desuso.

Esquecido por muitos anos, o Porto de Estrela retornou às manchetes no fim de 2014, quando a gestão do espaço passou do governo federal à Superintendência de Portos e Hidrovias do RS (SPH), uma bandeira defendida por líderes regionais durante três décadas.

O então governador, Tarso Genro, defendeu que a mudança possibilitaria a integração da região ao sistema multimodal do plano estratégico de utilização das hidrovias. Além de reduzir custos, disse, seriam criadas todas as condições para que houvesse operação de cargas no Porto de Estrela. “O Vale do Taquari irá receber e escoar a produção da região e de outras do estado”, afirmou. Entre as melhorias, o investimento de R$ 10 milhões em dragagem do Rio Taquari.

Dois meses depois da cerimônia, Tarso Genro perdeu as eleições ao Palácio Piratini para José Ivo Sartori, que nomeou em março de 2015 o então secretário de Obras de Estrela, Cristiano Nogueira da Rosa, como diretor de Hidrovias da SPH. Mas o estrelense deixou o cargo um ano depois, dentro do calendário eleitoral para buscar a reeleição no Legislativo do município.

Naquele mesmo período do ano passado, Antônio Carlos Busnello, vereador suplente de Encantado, foi empossado administrador do Porto de Estrela. Seu desafio, devolver a movimentação portuária registrada na década de 80.

Indisponibilidade de barcaças

Para Busnello, a principal dificuldade é a indisponibilidade de barcaças adequadas ao Rio Taquari. Isso porque grande parcela das embarcações têm dificuldades para fazer o percurso em razão do calado – profundidade de água necessária para a flutuabilidade.

Por muitos anos, gestores públicos e empresários defenderam a ideia de privatizar o Porto de Estrela. De acordo com Busnello, “as parcerias público-privadas podem ser efetivadas a qualquer momento, basta haver o interesse dos empresários”. Cita ocorrerem negociações em andamento com grupos interessados, conduzidas pela Secretaria de Transportes do RS.

Aliado a isso, ressalta a necessidade de políticas públicas voltadas ao incentivo do uso de hidrovias no estado.

O custo para o transporte de mercadoria pelo rio se torna cerca de 20% mais barato se comparado às rodovias. Contudo, o serviço é mais demorado. A distância de 188 quilômetros de Estrela a Porto Alegre pelo Rio Taquari leva cerca de 12 horas de navegação. Até Rio Grande, a viagem de 458 quilômetros é percorrida em, no mínimo, 36 horas.

Palco de eventos

Como forma de mostrar o porto à comunidade regional e incentivar empresários a utilizarem o espaço, o município decidiu transferir a Estrela Multifeira da área central para a estrutura portuária em setembro do ano passado. Foi a primeira abertura à sociedade após a inauguração em 1977. Mais de 30 mil visitantes prestigiaram o evento e se surpreenderam com a infraestrutura do local.

Diversos foram os contatos de empresários durante a feira buscando mais informações sobre o Porto e a viabilidade de transportar mercadorias pelo Rio Taquari. Além disso, como defendeu o prefeito Rafael Mallmann na época, a região havia ganhado um novo espaço de eventos. “O ambiente comporta grande público e está longe de moradias. Mesmo o porto operando em pleno, é possível conciliar o ambiente com as feiras”, disse.

De fato, os avanços mais significativos desde a transferência da gestão da União ao Estado ocorreram nessa área. No dia 23 de abril deste ano, o show da dupla de sertanejo universitário, Henrique e Juliano, reuniu milhares de pessoas no local.

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