Mulher acha bebê enrolado em casaco. “Percebi algo se mexer”

Roca Sales

Mulher acha bebê enrolado em casaco. “Percebi algo se mexer”

Recém-nascido foi encaminhado para Casa de Passagem

Mulher acha bebê enrolado em casaco. “Percebi algo se mexer”
Vale do Taquari

Por volta da 15h de ontem a temperatura em Roca Sales beirava os 10º quando a dona de casa Neiva Numer, de 57 anos, se dirigiu até a lixeira que fica em frente a sua casa e, ao segurar um agasalho teve uma surpresa.

“Peguei o casaco e achei pesado, larguei de volta com medo de que fosse uma cobra, ou um gato, ou um cachorro enrolado. Resolvi abrir e quando desenrolei vi que estava um nenê e quase cai”.

A primeira autoridade a atender o recém-nascido, de olhos azuis e cabelos loiros, foi o Sargento Cláudio Alves. Ele diz ter demorado para acreditar no pedido de resgate. “Primeiramente achei que era trote, mas senti a voz trêmula da pessoa na linha e então me desloquei até o local” relata.

Pela segunda vez em sua carreira, resgatou um bebê. “A primeira vez foi em 1995, quando resgatamos uma criança no lixão de Encantado” relembra.

Atraso salvador

Segundo Neiva, o caminhão do lixo costuma passar pelo local sempre próximo das 14h, mas especialmente ontem isso não aconteceu. O que poderia causar incômodo entre os moradores, acabou sendo uma a sorte do neném segundo a dona de casa. “Os lixeiros só iriam jogar o casaco dentro e nem veriam ele” lembra.

Para a Brigada Militar, a criança não nasceu no hospital de Roca Sales. A conselheira tutelar, Eliana de Fátima, acredita que o parto tenha sido caseiro, pois o garoto ainda estava sem grampo hospitalar.

Após receber os primeiros socorros o menino foi levado para o hospital de Roca Sales onde a equipe médica atestou seu bom estado de saúde e verificou que ele havia nascido a no máximo 48 horas. Ele foi encaminhado para uma casa de passagem em Encantado.

Investigação

A Polícia Civil (PC) de Roca Sales vai investigar quais foram as causas do abandono. O delegado João Alberto Selig, não descarta as hipóteses de negligência por parte da família ou mesmo um distúrbio sofrido pela mãe logo após o parto.

“Se houve crime, certamente se enquadra como abandono de incapaz.” Ele quer verificar ainda se o fato tem a ver com o período puerperal.  As penas variam de seis meses a três anos de detenção. Se do abandono resultar em lesão corporal de natureza grave, a pena é aumentada para reclusão de um a cinco anos. Se resultar na morte, pode chegar a 12 anos de prisão.

Último caso ocorreu em dezembro de 2013

No dia 28 de dezembro de 2013, moradores de um prédio no bairro Montanha, em Lajeado, ao lado do Corpo de Bombeiros, se depararam com situação semelhante. Eles encontraram um bebê recém-nascido no hall, próximo da caixa de correspondências, deitado sobre um travesseiro.

Três dias após o bebê ser encontrado, o Conselho Tutelar encerrou as buscas pelos familiares. O menino, que ficara no berçário do Hospital Bruno Born, foi encaminhado ao abrigo Trezentos de Gideon, a pedido do Ministério Público.

“Eu queria ter ficado com ele”

Mãe de cinco filhos, Neiva Numer costuma recolher roupas jogadas fora para consertar e doá-las em seguida. Ontem ela pensou que apenas seguiria sua rotina a se dirigir até a lixeira a menos de cinco metros do pátio de sua casa. Não esperava encontrar um recém-nascido enrolado em um casaco. Confira a seguir a entrevista que ela concedeu para o A Hora.

A Hora – Como a senhora encontrou a criança?

Eu vi eu vi o casco e pensei , vou pegar e ver se ele é bom. Ai eu peguei e pensei ‘que pesado’ larguei de volta porque fiquei com medo e aquilo se mexeu de volta. Aqui é uma cobra, ai fiquei, abro ou não abro. Quando abri vi um menino com um pijaminha bem fininho, quase cai pra trás. Então fui na minha filha e pedi uma roupa para colocar no nenê.

Qual foi a reação da sua filha?

Neiva – Ela perguntou ‘como um nenê’ e eu disse que achei no lixo e vou ficar pra mim. Ai ela (a filha) ‘mãe não pode, lei é lei. Tem que chamar a polícia’ e eu respondei ‘eu não quero dar o neném, bonitinho, loirinho de olhos azul, eu quero ficar pra mim. Ai a guria tirou uma foto e botou no Face e todo mundo queria pegar o neném. Mas ai nós ligamos pra polícia e eles vieram.

O que a senhora sentiu na hora?

Neiva – Me deu uma tremedeira nas pernas. Nunca tinha passado por nada assim e sempre dizia quando aparecia na televisão ‘será que um dia eu vou achar um bebê’ e eu achei. Eu fiquei com ele por mais ou menos uma hora. Eu tenho cinco filhos e queria o sexto, mas não deu. Eu até queria adotar ele, mas uma amiga minha se inscreveu para adotar, ela é solteira e não tem filhos. Então como eu já tenho cinco, vou deixar pra ela.

Lixeira onde criança foi encontrada fica em frente a uma creche

Lixeira onde criança foi encontrada fica em frente a uma creche

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