O Governo do Estado e a Nenzo Industrial assinaram nessa quarta-feira, no Palácio Piratini, o protocolo de intenções para construir uma indústria de folhas de flanders em Rio Grande.
Será a segunda fábrica do Brasil, com capacidade de produzir 150 mil toneladas ao ano, com matéria-prima importada da Coreia do Sul. Entre os investidores, está o diretor-presidente da Nenzo no Brasil e dono de uma construtora em Estrela, Darci Giovanella.
A nova unidade iniciará as operações em abril de 2018. Serão investidos R$ 320 milhões e gerados 70 empregos diretos. O empreendimento viabiliza preços competitivos para a matéria-prima utilizada na fabricação de embalagens metálicas, principalmente na indústria alimentícia.
Giovanella atribui a escolha do estado à localização estratégica no Mercosul. Argentina e Uruguai importam 100% da matéria-prima que será produzida pela empresa. “A meta é fornecer cerca de 20% do consumo interno brasileiro, além de exportar para países vizinhos.”
Hoje, o Brasil consome 700 mil toneladas de folha de flandres por ano. Em 2014, cerca de 210 mil toneladas tiveram de ser importadas. Hoje, só a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) produz flandres no país. O produto serve para o revestimento de latas, usadas principalmente pela indústria alimentícia.
A fabricante sul-coreana Shin-Hwa Silup traz à sociedade seu know-how na produção do insumo e tecnologia de ponta do país asiático. A planta deve ser idêntica a outras duas que a empresa tem na China, Coreia do Sul e Colômbia.
Participaram da assinatura o vice-governador José Paulo Cairoli, o secretário do Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia (Sdect), Fábio Branco, o presidente da empresa Shin-Hwa Silup, J.K. Shin, o empresário Victor T. Hur, sul-coreano naturalizado brasileiro, além de Giovanella. A relação de negócios entre a família e o grupo iniciou na década de 80.
Tratativas em Lajeado e Estrela
Em 1998, o governo lajeadense tentou trazer para a região o empreendimento. No entanto, em função de mudanças no mercado internacional, o projeto emperrou. Há alguns meses, os investidores e a administração municipal conversaram de forma informal, mas as tratativas não avançaram.
Uma área às margens da ERS-130, no bairro São Bento, foi oferecida. A estrutura portuária, em Estrela, também foi analisada, mas por questões de logística (volume e peso da matéria-prima), o grupo escolheu uma área nas imediações do Porto de Rio Grande.
Saiba mais
Conforme o Centro de Informação Metal mecânico (CIMM), a folha de flanders é uma liga metálica de folha de ferro-estanhado, obtida ao mergulhar uma lâmina de ferro (isenta de ferrugem) em estanho fundido, o que a deixa revestida pela camada protetora de estanho.
Essa camada aumenta a resistência à corrosão e possibilita a utilização dessa liga na fabricação de latas para acondicionamento de certos alimentos e de óleos, além de utensílios domésticos e industriais.
