Atrasos no pagamento dificultam a gestão de hospitais em todo o RS. Dívida do Estado com hospitais de Estrela e Teutônia ultrapassa R$ 2 milhões.
Com redução no quadro de funcionários e dificuldades para pagar os funcionários, representantes dos hospitais filantrópicos e das Santas Casas realizam hoje reunião no Teatro Dante Barone da Assembleia Legislativa.
A ideia é cobrar a quitação dos débitos dos governos estadual e federal. Só o governo gaúcho acumula R$ 300 milhões em dívidas com municípios e hospitais.
Os atrasos no repasse de verbas são recorrentes e causam a redução de 6% do quadro funcional das casas de saúde. Os hospitais de Estrela e Teutônia perderam juntos 25 funcionários desde 2015, sendo 15 em Estrela e dez em Teutônia. Um dos principais atrasos é referente à verba dos atendimentos de Média e Alta Complexidade (MAC).
Dos recursos referente a março, o governo ainda deve 30%, sem contar os outros repasses que não foram pagos desde 2015. Os outros débitos em aberto são referentes a programas como o de saúde mental e o porta de entrada.
No Hospital Estrela, a dívida já passa de R$ 1,5 milhão. No Hospital Ouro Branco de Teutônia, o débito atual é de R$ 735,5 mil.
De acordo com o diretor-executivo do Hospital Ouro Branco (HOB), de Teutônia, e vice-presidente da Federação das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos do RS, André Lagemann, todos os débitos são da gestão atual. Ele ressalta a preocupação com a falta de um calendário de pagamentos.
Hospitais negociam com fornecedores
Os atrasos nos repasses geram uma série de problemas para a administração dos hospitais inclusive com atraso do pagamentos de encargos sociais. Segundo a federação, 60% dos hospitais estão com os pagamentos para médicos atrasados e 35% devem encargos trabalhistas como FGTS e INSS.
Esse cenário ainda não atinge os 365 funcionários do Hospital de Estrela, nem os 231 do HOB. Porém, as administrações se mostram preocupados com a continuidade dos atrasos. Em Estrela, a saída encontrada para não atrasar a folha foi negociar prazos com os fornecedores.
Além disso, a gestão barganha descontos nas compras e busca a ajuda da comunidade para poder manter o caixa em dia. Neste sábado, por exemplo, promove galeto beneficente para arrecadar fundos para o hospital.
A renegociação com fornecedores e bancos também foi a saída encontrada no HOB, no entanto, a direção do hospital relata já ter contraído dívidas para manter o funcionamento. A diretoria estuda entrar na Justiça contra o Estado.
Outro complicador para a gestão hospitalar foi a suspensão do Incentivo de Cofinanciamento da Assistência Hospitalar (Pies-IHOSP). O incentivo criado no governo Tarso Genro compensava a defasagem na tabela de pagamentos do SUS. O governo injetava R$ 25 milhões por mês por meio desse programa. Procurada pela reportagem do A Hora, a Secretaria Estadual da Saúde não respondeu sobre a previsão para atualizar os pagamentos.