O incêndio de uma serraria em Linha Delfina expôs a limitação dos serviços dos bombeiros na região. Para atender a ocorrência da manhã do domingo, 28, equipes de Lajeado precisaram se deslocar ao município vizinho. O motivo foi a falta de efetivo, depois da unidade estrelense ficar sem aditivo de horas extras.
De acordo com um dos proprietários, Maurício Steffens, 63, o fogo começou por volta das 6h. Ele dormia e foi acordado por buzinas de um motorista que passava no momento. Além dele, o sócio Sílvio Gregory chegou ao local. Ao tirar um dos caminhões da serraria, sofreu queimaduras nos braços e rosto. Ele foi hospitalizado devido aos ferimentos e inalação de fumaça.
Apesar da tentativa do sócio, o fogo destruiu todo o pavilhão, um caminhão, equipamentos e parte do estoque. Já o caminhão retirado do local por Gregory teve danos parciais. Steffens estima um prejuízo acima de R$ 150 mil. De acordo com ele, a empresa não tinha seguro.
Steffens faz parte da terceira geração da família a se dedicar à serraria. Estima 50 anos de ligação com a atividade. Com o incêndio, ele cogita adiar o projeto de aposentadoria, prevista para daqui a quatro anos, e demonstra incerteza quanto o futuro da empresa.
Ele reconhece a ajuda de vizinhos e critica o atendimento prestado pelo órgão público. Para ele, demora e falta de conhecimento do local prejudicaram o atendimento das equipes de Lajeado. “Até chegarem aqui não tinha mais o que salvar. Se fosse daqui, acho que poderia ter salvo mais. Vamos esperar o Sílvio se recuperar e ver o que vamos fazer.”
Defasagem histórica
O Corpo de Bombeiros de Estrela é responsável por atender nove cidades da região. Para a área, são 24 homens. Do total, oito têm o tempo de prestação de serviço cumprido e seguem na ativa devido a incentivos fornecidos. Além deles, outros quatro entram na relação em menos de dois anos.
De acordo com o comandante da corporação, tenente André de Oliveira, pela indisponibilidade de horas extras, a unidade operou com efetivo mínimo. Ele é composto por um telefonista, um motorista e dois bombeiros. A adesão do modelo já era cogitada desde o início de fevereiro.
A necessidade de apoio de Lajeado ocorreu durante os dias 23, 25 e 27. O auxílio prestado pelo município vizinho foi visto com normalidade pelo comandante. “Pedimos horas extras, mas não vieram neste mês. De forma alguma ficamos sem atendimento, mantivemos como foi possível.”
Durante o período de verão, o efetivo teve a redução de seis bombeiros, todos na Operação Golfinho. A previsão é de que o grupo se reapresente no município nesta quarta-feira, 2.
Para ele, a limitação de pessoal tem sido amenizada com a qualificação dos serviços. De acordo com o tenente, para o número de habitantes da área abrangida, são recomendados 47 servidores.