Pedestres ignoram risco e atravessam a BR

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Pedestres ignoram risco e atravessam a BR

Perigo de atropelamento aumenta à noite. Desde 2013, houve 5 óbitos no trecho

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Vale do Taquari
Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

Vale do Taquari – Varlei Luiz da Silva, 46, de Arroio do Meio, foi mais uma vítima de atropelamento no trecho urbano da BR-386, entre Lajeado e Estrela. Ele morreu nessa quarta-feira à noite, por volta das 20h30min, enquanto atravessava a rodovia nas proximidades da concessionária Peugeot.

Crédito: Anderson LopesDe acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), dois veículos trafegavam no sentido interior/capital. Só um conseguiu parar a tempo. Silva foi atingido por um Toyota Corola, de Porto Alegre, e morreu no local.

Apesar desse ponto estar entre uma passarela e um viaduto, duas placas indicam a travessia pela rodovia, por meio de um pontilhão sobre o canteiro central: “Pedestre, atravesse na faixa de segurança.” Há quatro passagens dessas por entre as vias em um trecho de dois quilômetros, geralmente próximo a paradas de ônibus.

Com grande número de empresas instaladas às margens da rodovia, é constante o fluxo de pedestres e ciclistas. Quem opta pelo atalho, enfrenta quatro faixas de rolamento e, em alguns pontos, a pista adicional de acessos aos municípios.

Os atropelamentos geralmente acontecem à noite. São recorrentes. Desde o início de 2013, segundo a PRF, 17 pessoas foram atropeladas nesse trecho urbano. Dessas, cinco morreram no local. As estatísticas da polícia apenas levam em conta as mortes instantâneas.

Em abril, José Vanderlei da Rosa, 54, foi morto a poucos metros de onde Silva foi atropelado. Ao tentar atravessar a rodovia de bicicleta, foi atingido por um Fiat Stilo, de Soledade. Em 2013, outro ciclista foi morto. Dessa vez, em frente à empresa Areia do Vale, em Estrela.

Uma série de fatores levam à morte. Entre eles, a velocidade dos veículos. No entanto, segundo o inspetor chefe da 4ª delegacia da PRF, Adão Vilmar Madril, desatenção do pedestre e ciclista é a maior causa. “É uma sequência de coisas erradas, mas principalmente desatenção.”

O maior perigo é durante a travessia à noite, diz. “Quando está escuro, a pessoa vê apenas a luz do veículo, e assim não sabe qual a distância em que ele se encontra. A visão fica ofuscada.”

Para Madril, a única opção viável para atravessar à noite é procurar uma passarela. “Tem que andar um pouco mais para achar um lugar mais apropriado.”

Madril aconselha os usuários da rodovia a evitar as travessias por meio dos pontilhões. “Eles foram construídos há muito tempo, quando esse trecho foi duplicado. E não sei o porquê. Não tem segurança nenhuma”, diz. Para ele, uma rodovia de trânsito rápido não pode ter faixas de segurança, pela impossibilidade de os veículos pararem.

Apesar das recentes mortes na BR-386, de acordo com Madril, os casos de morte diminuíram nos últimos anos. Para ele, é resultado de maior fiscalização para combater o excesso de velocidade.

Imprudência

Parte da população dispensa a segurança de passarelas. Algumas se arriscam sob as estruturas. Ontem há tarde, durante 20 minutos, o A Hora verificou quatro travessias. Um deles, um caminhoneiro de Minas Gerais, admite os riscos. Ele enfrentou o tráfego intenso enquanto falava ao celular, bem próximo ao local onde Silva morreu. “Dá um pouco de medo, mas é rápido.”

Em Estrela, uma mulher atravessou as quatro faixas de rolamento de bicicleta, exatamente abaixo da passarela. Ela não soube explicar o porquê.

Da parada de ônibus, o estudante William Ullrich, 21, observa pessoas se arriscarem. “É toda vez a mesma coisa. Encontram uma brecha e começam a correr. Às vezes os carros freiam em cima”, diz. Também relata a imprudência de idosos, que têm dificuldade para fugir dos veículos.

Já o estrelense Ezequiel Bossamar, 29, começou a respeitar o trânsito há cinco anos, quando quase foi atingido por um caminhão. “Foi assustador. Aprendi que não vale a pena se arriscar por causa de alguns metros de diferença.”

Apenas três passarelas

Nenhuma passarela consta no projeto de duplicação da BR-386, entre Estrela e Tabaí. Há apenas três no Vale do Taquari, no trecho entre Lajeado e Estrela. Um delas, em frente ao shopping, foi construída em 2000, graças ao intermédio de empresários da cidade. Há outras duas no perímetro urbano: uma no bairro Hidráulica, nas imediações da empresa Conpasul, e outra em Estrela, ligação entre os bairros Boa União e Imigrantes.

Para evitar travessias em alguns pontos, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) chegou a instalar uma mureta em alguns trechos da rodovia, para reduzir as passagens da população. No entanto, na época, a comunidade reclamou da medida e a estrutura foi retirada.

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