Construção civil recua e força demissões

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Construção civil recua e força demissões

Setor contabiliza redução de 149 postos de trabalho em apenas um mês na região

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Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

O número de demissões em empresas ligadas ao ramo da construção civil supera o de contratações. Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho (MT), apontam para o fechamento de 149 postos de trabalho em fevereiro. A região acompanha cenário nacional que teve o pior resultado para o mês desde 1999.

03Para o economista Adriano Strassburger, o resultado é reflexo de uma retração na economia brasileira. À medida que há uma restrição ao crédito, consumidores reavaliam o orçamento pessoal e priorizam setores essenciais, como a alimentação. A dificuldade cresce na mesma proporção que o custo de vida também aumenta.

A construção civil talvez seja o elo mais sensível, avalia Strassburger. Um dos principais motivos pelo fato de os empreendimentos demandarem grandes recursos e levarem meses até a conclusão. “As pessoas deixam de se arriscar. Neste momento, o mercado está em ritmo de análise, não de investimentos.”

De acordo com ele, o cenário negativo tende a se acentuar nos próximos meses, visto a posição do governo federal de manter cortes nas políticas de incentivo. A situação ainda segue controlada, avalia, pois muitas construtoras se mantêm com obras em andamento. “Não adiantaria a União querer resolver o problema injetando dinheiro agora. A construção civil demora, de médio a longo prazo, para se recuperar.”

A menor demanda por imóveis pode favorecer consumidores com dinheiro em mãos. Segundo Strassburger, novos prédios estão sujeitos a ficar ociosos devido à falta de investidores, forçando redução nos preços. Prevê também baixa nos aluguéis.

Momento exige cautela

O saldo negativo preocupa empresários ligados ao Sindicato das Indústrias da Construção Civil, Mobiliária, Marcenarias, Olarias e Cerâmicas do Vale do Taquari (Sinduscom). Para o vice-presidente administrativo e proprietário de uma construtora, José Zagonel, a situação demonstra como está o cenário econômico. “Sentimos uma retração na procura por imóveis. Toda uma onda negativa, de incertezas, contribui para isso.”

Zagonel aconselha ponderação, em especial, aos consumidores. Observa que nos últimos anos muitas empresas ingressaram no setor ao perceber aumento na demanda por serviços. Para ele, qualquer crise tende a afetar, principalmente, quem tem menos tradição no mercado. “O comprador precisa observar bem antes de efetuar um negócio, sob o risco de ser prejudicado.”

A baixa procura por novos empreendimentos fez Eugênio Nascimento largar a profissão de servente de pedreiro em dezembro do ano passado. Trabalhou por quase dois anos em uma empresa de Lajeado, mas preferiu voltar a ser metalúrgico. “O serviço estava reduzindo e, se não trabalhamos, também não recebemos. Então decidi ficar com algo fixo no fim do mês.”

Pior saldo em 16 anos

Fevereiro teve o fechamento de 2,4 mil vagas de emprego formal no país, queda forçada por 55 mil demissões nos setores do comércio e construção civil. Este foi o pior resultado para o mês desde 1999. Pesquisa com base nos dados divulgados pelo Caged aponta que todas as regiões brasileiras tiveram resultado negativo, exceto pelo Sul.

No Vale do Taquari, 309 pessoas foram contratadas para trabalhar no ramo. Por outro lado, as empresas demitiram 458 (veja tabela). Lajeado lidera os índices. Segundo estatística, 166 trabalhadores perderam o emprego no período, enquanto 125 foram admitidos. O saldo negativo é ainda maior em Estrela: 51. Na cidade, 41 tiveram a carteira assinada ante 92 desligamentos.

No mesmo período do ano passado, a situação era diferente. Empresas situadas na região contrataram 380 e demitiram 312. Com isso cresceu em 68 o número de trabalhadores na construção civil.

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