Mais uma rodoviária encerra atividades. Já são 39 do Estado

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Mais uma rodoviária encerra atividades. Já são 39 do Estado

Dificuldades de manter serviços e taxas desmotivam empresários

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Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

Vale do Taquari – A Estação Rodoviária de Fazenda Vilanova deve fechar nas próximas semanas. O empresário responsável pretende protocolar até amanhã a devolução de concessão ao Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer), acordada até 2031. Nos últimos dois anos, houve o fechamento de 39 pontos no estado.

02A dificuldade financeira de manter o serviço aparece como principal motivo elencado por Celso da Silva. Ele e a família têm ponto de venda de passagens desde 1998. Porém o local se encaixa nos critérios de rodoviária impostas pela autarquia gaúcha há dois anos.

“Só encareceu. Temos muito imposto para pagar e o retorno mensal é baixo.” Segundo Da Silva, a arrecadação bruta mensal tem média de R$ 2,3 mil. Deste valor enfatiza que mais de 35% corresponde ao pagamento de impostos decorrentes ao serviço de transporte coletivo.

Sem condições financeiras de manter mais funcionários, Da Silva relata que os membros da família costumam se revezar para atender aos passageiros. Eles também atuam no restaurante instalado no mesmo ponto. O serviço ocorre todos os dias das 5h45min às 22h10min. “Não podemos mais trabalhar assim.”

Maria Inez da Rosa, também proprietária do estabelecimento, pretende manter apenas um convênio com empresas de transporte interessadas. Ela atende no local a Expresso Azul e a Transporte Fátima. “São 53 horários diários só com a Expresso Azul. Queremos tentar manter ao menos o ponto de venda de passagens, sem os encargos cobrados pelo Daer.”

Segundo Maria, a equipe que atua na rodoviária vende uma média de 55 passagens por dia. No domingo, por exemplo, houve lucro líquido de R$ 558. Destes, R$ 83 serviram para custear taxas de transporte intermunicipais cobradas pelo Daer e também os descontos de vale-transporte. “Sem contar os demais encargos normais de quem deixou de pagar apenas o Simples Nacional”, reclama.

A secretária de Administração, Neuza Inez Fell, desconhece o fato. Conforme ela, a partir da devolução de concessão, o município deverá aguardar por um contato do Daer, para ver outras alternativas de manter o serviço ou não prejudicar as pessoas dependentes do transporte coletivo intermunicipal.

Situação é geral, avalia Daer

O Daer implantou uma força-tarefa em 2012 para regularizar as concessões de rodoviárias. Desde então, 39 terminais foram fechados no estado. Na região, Fazenda Vilanova é o quarto ponto a ter rescisão, os demais foram: Relvado, em 2013, Cruzeiro do Sul e Serafina Corrêa, em 2014.

De acordo o diretor de Transportes Rodoviários do Daer, Lauro Roberto Hagemann, a dificuldade de manter uma rodoviária aparece como reclamação constante pelo estado. “A remuneração sobre a venda de passagens é de 11% e do despache de mercadorias é 15%, o que torna inviável a empresa manter o serviço ativo”, diz.

Para buscar melhorias no atendimento oferecido e mais rentabilidade aos empresários, relata um estudo mais amplo no segmento. Uma das alternativas, segundo Hagemann, é a colocação de terminais rodoviários. Nestes, haveria apenas a venda de bilhetes, sem a necessidade de uma estrutura rodoviária.

Em casos de rescisão, como o previsto para Fazenda Vilanova, Hagemann relata a busca por apoio da administração municipal, para que haja pontos provisórias de embarque. Exemplo do que ocorreu em Cruzeiro do Sul. Desde o fechamento da rodoviária local, o ponto não realiza mais a venda de passagens, mas continua como referência no embarque e desembarque de passageiros.

Revisão do plano

Nos últimos três anos, foram abertos 274 editais, mas só 60 foram concluídos. Do total, 129 não apresentaram interessados e outros 25 tiveram problemas de documentação. Conforme o Daer, o desinteresse de empresários em prestar o serviço implicou suspensão da abertura de novos editais.

Hagemann frisa a elaboração de um Plano Diretor do Transporte Coletivo e Rodoviário Intermunicipal, o qual deve ficar pronto nos próximos meses. No documento constarão novas diretrizes de concessões de linhas intermunicipais e novos parâmetros das rodoviárias. Audiências públicas devem iniciar em março, para discussão das regras do transporte coletivo.

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