Banhado às margens de sanga vira lixão. Problema se repete

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Banhado às margens de sanga vira lixão. Problema se repete

Área para depósito de lixo verde recebe pneus, sofás, plásticos

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Despercebido em meio à mata fechada, um cano de concreto lança na água cristalina o esgoto de, ao menos, três loteamentos do bairro Boa União. O líquido escorre por duas sangas no entorno do CTG Raça Gaudéria, na rua Andrea Goellner. Moradores sofrem com o mau cheiro e denunciam descarte ilegal de lixo.

02Logo adiante, em meio ao banhado, um lixão a céu aberto encosta no curso da água. Pneus, plásticos, sofás, cadeiras, latas, concreto, um capacete, materiais eletrônicos e até restos de uma casa incendiada se misturam ao lixo verde. Objetos caem na sanga. A centenas de metros dali, essa mistura de água, chorume e esgoto acaba no Arroio Boa Vista.

Biólogos entrevistados pelo A Hora atestam. O lixão está em uma Área de Preservação Permanente (APP). Prejudica o banhado, as margens da sanga e contamina a água. Não há impermeabilização do solo.

O taxista Carlos Alberto Fellix, 50, mora em frente ao CTG. Lamenta a destruição do banhado e diz ser insuportável o cheiro de esgoto em dias quentes. Marco André Herrmann, 17, trabalha nas proximidades. O problema do mau cheiro piora no fim de semana, atesta. “Está na hora de algo ser feito para mudar essa situação.”

O secretário do Meio Ambiente, Hilário Eidelwein, afirma desconhecer o problema no local. Estava de férias por um mês e retorna hoje. “Até um tempo atrás estava tudo certo. Vou analisar o que está acontecendo.”

De acordo com o secretário de Obras, Cristiano Nogueira da Rosa, a administração só deposita lixo verde e terra no local. Quer aterrar o banhado para formar um estacionamento para o CTG. Falta fiscalização. Rosa pede que moradores anotem a placa de veículos que depositam outro tipo de lixo no local.

Segundo o secretário, o problema da falta de saneamento básico nessa região é antigo. Vem de administrações anteriores, acrescenta. Afirma que há planos de o local receber uma estação de tratamento de esgoto. A obra faz parte do cronograma estipulado no novo contrato com a Corsan, com 25 anos de duração.

Trituradores transformam galhos em adubo

O município comprou dois trituradores de galhos para diminuir a quantidade de lixo verde. As máquinas serão entregues hoje. O investimento é de R$ 72 mil, por meio de emenda parlamentar do deputado Paulo Pimenta.

Depois de moídos, os galhos formam adubos. Segundo o secretário, a trituração dos galhos tende a diminuir os resíduos. “O material que antes era transportado em seis cargas de caminhões pode ser levado em apenas uma.”

Problema recorrente

O depósito irregular de lixo em área pública resultou em dois processos contra a administração de Estrela em 2012, na gestão de Celso Brönstrup. Na época, o Grupo de Patrulhamento Ambiental (GPA) da Brigada Militar (BM) autuou o município por lixão na rua Arnaldo Diel, em área conhecida como “buraco dos cachorros”, distante cerca de 300 metros do Rio Taquari e ao lado de uma área de recuperação ambiental. No local, havia 14 sofás, seis pneus, colchões e mais de 40 latas de tinta e solventes.

Dois meses depois, nova autuação. Uma área de 200 metros quadrados servia de depósito irregular de lixo na rua dos Marinheiros, no bairro Moinhos. No local, eram colocados eletrodomésticos, pneus, restos de construções, animais mortos, entre outros.

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