Direção busca alternativa para evitar fechamento do hospital

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Direção busca alternativa para evitar fechamento do hospital

Instituição sequer tem dinheiro para pagar 13º de funcionários

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Cruzeiro do Sul – Dificuldades financeiras ameaçam as atividades do Hospital São Gabriel Arcanjo. A direção da entidade busca medidas para aumentar o fluxo de caixa, em virtude do baixo envio de recursos por parte do Estado e União. Nos últimos meses, o governo municipal tem arcado com a maioria dos investimentos e evitado a falência.

04Como exemplo da crise financeira, aponta o diretor-geral Celso Weissheimer, o hospital não tem dinheiro para o pagamento do 13o dos funcionários. A primeira parcela deve ser quitada ainda em novembro. “Claro, ninguém deixará de receber. Vamos encontrar alguma alternativa para isto, mesmo que por meio das instituições bancárias.”

De acordo com Weissheimer, a média de atendimentos chega a 984 por mês. Entre 95% e 98% são via SUS. Destes pacientes, mais que a metade permanece na casa de saúde para dar continuidade ao tratamento. A cada mês, são realizados em média 264 exames raios X, 37 internações (maioria clínica) e 480 baixas para observação. “É cedo dizer se vamos fechar, mas a situação precisa melhorar. Teremos uma posição concreta sobre isto a partir de novembro.”

Nos últimos meses, diversos encontros foram realizados com o prefeito César Leandro Marmitt. Segundo o assessor jurídico do Executivo, Fábio Gisch, o governo sempre esteve aberto ao diálogo. Como exemplo, cita recente aumento no valor do repasse municipal e a cedência de recursos extras a pedido da direção hospitalar. “Faz um bom tempo que a instituição não nos procura. Até onde sabíamos, eles estavam satisfeitos com o auxílio do Executivo.”

No fim da tarde de ontem, Weissheimer esteve reunido com os vereadores para buscar uma solução. A reunião, na sede do Legislativo, foi fechada.

O chefe da 16ª Coordenadoria Regional da Saúde (CRS), Fabiano Merence Brandão, deve visitar a direção hospitalar durante o dia para debater sobre o assunto. “Estamos dispostos a ajudar, mas em nenhum momento fomos procurados a respeito de um possível fechamento.”

Projeto como opção

Conforme Weissheimer, o hospital recebe entre R$ 95 mil e R$ 100 mil mensais para o custeio do Pronto Atendimento. Do montante, R$ 35 mil provém do Ministério da Saúde, R$ 50 mil do município e o restante por parte do Estado. O município paga ainda mensalmente os honorários dos médicos plantonistas 24 horas, valor próximo dos R$ 65 mil. “Sobra pouco para a manutenção. O grande problema está naquilo que deixa de vir de fora”, aponta o diretor.

Na reunião mensal do Conselho Municipal da Saúde, no dia 1º, Weissheimer apontou como alternativa às dificuldades financeiras uma portaria proveniente do governo que garante repasse mensal para hospitais que possuam e se enquadrem nas exigências de Pronto Atendimento de Urgência e Emergência 24 horas.

De acordo com ele, o São Gabriel Arcanjo se encaixa nos pré-requisitos. Caso o projeto seja aprovado, sendo a última instância a Secretaria Estadual da Saúde, o hospital receberá a partir de 2015 um aporte mensal de R$ 54 mil para manter e melhorar o atendimento. “Isso seria suficiente para equilibrar as despesas, pois hoje trabalhamos no negativo.”

No fim do ano passado, o hospital também elaborou projeto em parceria com o Executivo com a proposta de especialização em dermatologia, a fim de se tornar referência no tratamento via SUS no Vale do Taquari. Na época, o então secretário estadual da Saúde adjunto, Elemar Sand, incentivou a ideia da instituição durante visita a Cruzeiro do Sul. Para ele, todos os hospitais de menor porte deveriam se tornar referência em alguma área específica.

Dois fecharam neste ano

Mesmo com o avanço na destinação de verbas por parte do Estado, os hospitais filantrópicos continuam operando no vermelho. Apenas neste ano, duas instituições do Vale do Taquari encerraram as atividades em função de dificuldades financeiras: Hospital Comunitário Santa Clara e Hospital São João, de Paverama.

Em Santa Clara do Sul, não eram mais realizados procedimentos médicos pelo SUS desde outubro de 2013. A falta de estrutura e a redução dos valores repassados pelo Estado motivaram a paralisação. Para não desativar por completo o prédio, construído em 1928, o espaço está sendo readequado em uma clínica geriátrica particular. Paverama teve a mesma decisão.

De acordo com o presidente do Sindicato dos Hospitais Beneficentes, Religiosos e Filantrópicos, André Lagemann, é dever do Estado prever políticas públicas junto aos hospitais para definir o fluxo de atendimentos e serviços prestados. Desta forma, dividindo as especialidades por microrregiões, prevê mais chances de conseguir recursos e melhorar o atendimento da população.

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