Lajeado – A estrutura administrativa e operacional do Hospital Bruno Born (HBB) muda a partir desta semana. Três diretores atuantes na função há cinco anos foram substituídos. Os novos gestores assumem com o desafio de reestruturar os modelos econômicos e de crescimento da instituição pelos próximos meses.
A decisão pela saída dos então diretores Élcio Calegaro (administrativo), Cláudio Klein (técnico) e Sérgio Marques (clínico) foi unânime entre a diretoria, presidida por Claudinei Fracaro, reeleito três vezes consecutivas e com mandato até abril de 2016. Klein e Marques continuam no hospital, mas apenas como médicos do corpo clínico.
Cristiano Dickel, de Teutônia, assume como diretor-executivo, responsável por delegar funções e organizar o hospital. Márcio Andrade de Oliveira, de Porto Alegre, toma conta de toda a parte médica. Cardiologista, hemodinamicista e especialista nas áreas de UTI e pneumologia, Oliveira vem acompanhado de outro médico. “Tomamos um decisão corajosa, o que foi bem -aceito aqui dentro. Tenho certeza que a sociedade também entenderá”, afirma Fracaro.
O principal motivo para reestruturar a gestão hospitalar diz respeito a questões financeiras. De acordo com o presidente, números mostram que os resultados estão aquém do esperado. “Chega uma hora em que o limite das pessoas não aguenta mais aquele volume de negócios. Se ficássemos dessa forma, seríamos os culpados depois.”
Outro fator preponderante é a necessidade de abrir espaço aos profissionais em ascensão dentro do hospital. “Tem muita gente boa, pedindo passagem para crescer.” Como exemplo, aponta a escolha de Dickel para a função de diretor-executivo. “Poderíamos trazer uma pessoa de qualquer lugar, mas pegamos daqui. É alguém que está há quase dez anos na casa e vai ascender como número um da instituição.”
Novos médicos e serviços
As mudanças preveem o acesso de novos médicos e tecnologias ao HBB, capazes de qualificar e ampliar a oferta de atendimentos. Tais ações devem impactar de forma direta em todos os setores da instituição. Os profissionais terão maior acompanhamento para que as decisões possam ser mais objetivas e rápidas.
Diversas inovações são previstas para dentro de um ano, como o processo de fertilização in vitro a ser implementado na nova área. Pesquisa aponta existir mercado: 30% desses pacientes nos hospitais da Região Metropolitana provêm do Vale do Taquari.
Em princípio, o HBB fará apenas a coleta dos materiais e os procedimentos serão realizados em clínica da capital. Mas dependerá da demanda. Caso necessário, o serviço completo ocorrerá em Lajeado.
“Com essa alteração abre toda a porta de recomeçar a gestão. Na verdade, o HBB está em fase de recomeço”, especifica Fracaro. Definição sobre a oferta de fertilização ocorre na próxima semana. O serviço será particular. Cada procedimento custa cerca de R$ 16 mil. Seria uma das estratégias da direção para garantir a estabilidade econômica.
O hospital prevê ainda a oferta de embolização oncológica, processo de tratamento contra o câncer.
Déficit financeiro
O HBB atua com prejuízos no resultado contábil, afirma Fracaro, o que força o processo de redução de despesas e limita o poder de investimentos. Outros cortes estão programados, mas não no número de funcionários. Cada unidade de negócio dentro do hospital será reestruturada.
A dificuldade financeira deve se agravar no próximo ano, na avaliação dos gestores, visto que a maior parcela da receita da instituição decorre de convênios (49%), seguido pelo envio de recursos via SUS (41%) e particulares (10%).
O principal temor diz respeito a defasagens no SUS, baixo orçamento do Ministério da Saúde, do Estado e dos municípios. Por estes motivos, o projeto de ampliação da UTI pediátrica segue travado.
A inadimplência do governo de Lajeado em pagar o contrato com o pronto-socorro é outro imbróglio. Há também um rombo de R$ 3 milhões deixado pela mudança no sistema de gestão, que passou do Estado ao município.