Lajeado – O serviço de estacionamento rotativo pago terá novidades nas próximas semanas. A concessionária responsável pela cobrança pretende disponibilizar mais de 400 novos pontos para compra de créditos, distribuídos em lojas, postos de combustíveis, restaurantes e outros estabelecimentos comerciais. Convênio com empresa especializada em tecnologia para pagamentos eletrônicos já foi concluído.
A direção da Stacione Rotativo prefere não estipular prazos para o início desse sistema. A divulgação também segue indefinida até o momento. O mais provável é a instalação de totens de sinalização nas quadras de abrangência da área azul. A empresa desistiu de implementar essa informação junto às placas já instaladas no centro da cidade.
O modelo de convênio será semelhante àquele realizado hoje com cerca de 90 pontos que já comercializam o crédito. Cada um recebe em torno de 7% do valor total da venda. “Esse modelo virou case nacional. O governo de Curitiba, por exemplo, está nos solicitando informações”, comenta o assessor jurídico da empresa, Alexandre Kasper.
Além da novidade, a Stacione confirma a queda nos índices de usuários que não pagam pelo serviço. Em abril e maio, antes do início da cobrança do Aviso de Irregularidade (AI) pela concessionária, havia média diária de quase dois mil motoristas inadimplentes. Já na terça-feira passada, o número não chegou a 400. “São nove mil usuários que pagam, a nossa ‘taxa de respeito’ é de 95%, bem acima da média nacional.” Segundo ele, em outros municípios ela não chega a 70%.
Sobre as reclamações que ainda persistem, Kasper admite a possibilidade de pequenas falhas no sistema. Uniformes incompletos de alguns monitores, flagrados pela reportagem em diferentes pontos da cidade durante a semana passada, é um exemplo. “Houve atraso na entrega de algumas jaquetas do uniforme, e houve muitas contratações. Mas isso já foi resolvido.”
Também há o caso de João Stein, de Cruzeiro do Sul, que garante ter sido notificado de forma injusta pela empresa. “Recebi um AI no mesmo horário em que estava trabalhando na minha cidade. E garanto que ninguém utiliza meu veículo.” Segundo Kasper, trata-se de um caso isolado. “Mesmo assim, vamos verificar. Se confirmado o erro de digitação, que pode acontecer, revogaremos a cobrança.”
Área ampliada em setembro
A área de cobrança do rotativo será ampliada a partir de setembro. O novo trecho, entre o entroncamento da av. Alberto Pasqualini com a Júlio de Castilhos e o trevo da BR-386, já consta na legislação municipal que regulariza o sistema. Um projeto de lei tramita no Legislativo para aumentar essa nova área até o entroncamento da avenida com a av. Benjamin Constant.
Também em setembro está prevista a diminuição da área azul no centro. A intenção é encerrar a cobrança em alguns trechos da av. Benjamin Constant mais próximos da rua Marechal Deodoro. A pouca utilização desses locais pelos motoristas é uma das justificativas apresentadas pela Stacione Rotativo para a provável mudança.
Entrevista com assessor jurídico da Stacione Rotativo, Alexandre Kasper
A Hora – Há reclamações de usuários, sobre poucos funcionários e pontos de venda. O que a empresa realiza para evitar esses problemas?
Kasper – Há excedente de funcionários para suprir faltas. Antes eram dez, hoje são 15. Se precisar colocaremos 20. Foi feito um plano pelo RH para diminuir a incidência de atestados, que são mais normais neste período de inverno no Estado. Também nos preocupamos com os pedidos de demissão. De 72 que atuam hoje, apenas dez estão desde abril. Sobre os pontos de venda, vamos instalar mais 400 ou 500 pontos por meio de um convênio. Eles serão espalhados por toda cidade, não só na área azul. Ou seja, o usuário vai poder botar crédito no mercadinho próximo de casa. Ainda procuramos método adequado de divulgação, pois como serão muitos pontos a placa se tornou inviável. Até o fim do mês deve estar finalizado.
A Hora – Como a empresa avalia o caso da placa supostamente digitada de forma incorreta?
Kasper – Primeiro é preciso verificar se a placa foi mesmo mal digitada ou se houve outro problema. Mas, nestes casos, basta que o usuário nos comprove a falha por meio de um recurso administrativo, nos esclarecendo a situação. Se comprovar, a taxa cobrada será naturalmente baixada. Mas não é preciso chegar aqui chutando a nossa porta e berrando. Até hoje inexiste qualquer recurso neste sentido.
A Hora – Qual a avaliação da empresa sobre os 5% de inadimplência?
Kasper – Desse pequeno grupo de usuários que ainda não se adequou, cerca de 20% são rebeldes. Sabemos que ninguém gosta de pagar, mas a rotatividade está ocorrendo, é fato. Creio que algumas pessoas realmente estão afrontando o sistema. Costumam ser sempre as mesmas. Sobre os demais inadimplentes, definimos a razão por uma série de fatores. Cultura, desinformação, um pouco de desleixo. E pode, sim, haver um pouco de falha nossa. Mas é um número muito pequeno em relação aos bons pagadores. Há também um senso antigo de que o monitor precisa procurar a pessoa, e não o motorista ir atrás do cobrador. O ideal é o usuário se deslocar, assim como ocorre com o parquímetro. Mas com a vantagem de não precisar voltar ao carro para deixar o ticket. Ele apenas precisa saber a placa do veículo.
A Hora – A empresa cogita utilizar parquímetros?
Kasper – Lajeado já tem parquímetros. São 92 pontos de venda em lojas e teremos mais 400 no futuro. O comerciante está aceitando bem essa parceria. Embora alguns tenham desistido em função de alguns excessos e estresses de reclamação. Mesmo assim, muitos empresários seguem nos procurando para participar do convênio. Os créditos antecipados, cujo cadastramento pode ser feito via web, nos pontos de venda ou na sede da empresa, também estão dando certo. Hoje, 30% da arrecadação da Stacione é por meio desse sistema.
A Hora – A reclamação de moradores de outras cidades persiste?
Kasper – Há pouca incidência. Penso que o normal é quem vem de fora se informar, é isto que devemos fazer quando vamos para outras cidades. O que nos preocupa é a forma como as pessoas se queixam. Aqui na sede, há casos de excelentes funcionárias que quase deixaram os empregos após serem bastante ofendidas. Hoje, a empresa move três processos contra motoristas que ofenderam nossos funcionários.