Casas da aldeia ficam prontas só em 2015

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Casas da aldeia ficam prontas só em 2015

Reunião entre Dnit, Funai e MPF não definiu prazo para liberação das obras na BR

Vale do Taquari – A conclusão das 29 moradias da nova aldeia caingangue está programada para fevereiro do ano que vem. Durante reunião entre Funai, Dnit, Ministério Público Federal (MPF) e comunidade indígena, realizada ontem, foi apresentado o cronograma de obras do empreendimento localizado às margens da rodovia federal. Agora, a liberação das obras de duplicação no trecho de 1,8 quilômetro está prevista apenas para 2015.

02O encontro de ontem era aguardado por líderes regionais. Eles esperavam, também, uma vistoria técnica da Funai às obras da nova aldeia. No entanto, na semana passada, a fundação desistiu da visita agendada desde junho. “Cancelamos porque as casas não estão prontas, e não mudaria em nada no que se refere à liberação do bloqueio”, esclarece a coordenadora de Licenciamento Ambiental do órgão, Júlia Paiva.

Esta foi a segunda reunião entre os órgãos desde junho. Nas duas oportunidades, a Funai desistiu da vistoria técnica junto as obras da aldeia. Apesar disto, a equipe técnica que veio de Brasília percorreu a rodovia federal. Eles demonstraram surpresa com o atraso da duplicação em outros trechos da BR-386, distantes da aldeia indígena.

O procurador do MPF em Lajeado, Cláudio Terre do Amaral, endossa a percepção da Funai a respeito do atraso das obras de duplicação. “Há vários problemas em outros trechos. Essa polêmica toda em cima da comunidade indígena parece uma forma de tirar o foco de todo o entrave” observa. Além dos 1,8 quilômetro bloqueados pela Funai, outros sete permanecem inconcluídos pelo consórcio responsável pelos serviços.

Segundo Amaral, a liberação do trecho próximo à aldeia consta como condicionante na Licença de Instalação (LI) concebida pelo Ibama para a duplicação da rodovia federal. “Está claro no documento. Só haverá liberação com a devida realocação das famílias caingangues”, salienta, acrescentando que a polêmica sobre os 1,8 quilômetro sequer foi comentada na reunião de ontem.

Mesmo com a previsão de finalizar as casas em fevereiro de 2015, Amaral alerta para a possibilidade de a liberação atrasar ainda mais. “Ainda faltarão serviços de saneamento básico, e outros detalhes. E os índios são claros ao afirmarem que só aceitam a aldeia pronta.” Série de atrasos em relação ao Plano Básico Ambiental (PBA) desagrada comunidade indígena e Funai.

Nova reunião em outubro

Um novo encontro entre Funai, Dnit, índios e MPF ocorrerá no dia 24 ou 27 de outubro. A intenção é realizar a reunião na comarca de São Leopoldo. Além do entrave da tribo caingangue de Estrela, os órgãos devem discutir situações relacionadas a outras comunidades indígenas no Estado.

Sobre o encontro de ontem, Júlia Paiva reitera que houve apenas uma reunião de “caráter informativo”, e não deliberativo. “Os únicos acordos foram relacionadas a detalhes de distribuição de cestas básicas, data da próxima reunião e necessidade de formalizar as demais competências relacionadas à atividades complementares ao PBA.”

Segundo ela, a Funai se manifestará ao Ibama em relação à anuência para liberação do bloqueio após a efetiva realocação da comunidade indígena de Estrela. A coordenadora confirma a intenção de visitar as obras da nova aldeia apenas quando as casas estiverem habitáveis. “O Dnit não formalizou a proposta de construir casas temporárias para antecipar a liberação do bloqueio. Mas acredito que eles devam formular uma ideia para agilizar o prazo”, observa.

Investimento de R$ 8,5 milhões

Hoje, 18 casas estão erguidas e têm telhado e reboco. As outras 11 previstas no PBA já estão com a fundação pronta. Apesar de o Dnit anunciar para fevereiro de 2015 o término das moradias, a intenção do consórcio de empresas responsável pela construção é finalizar até o fim deste ano. O investimento de R$ 8,5 milhões prevê também um centro de reuniões, uma escola de 1,2 mil metros quadrados e uma casa de artesanato.

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