Raio destrói árvore e danifica moradia

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Raio destrói árvore e danifica moradia

Descarga elétrica atingiu propriedade na madrugada de ontem, em Arroio do Ouro

Estrela – Uma forte descarga elétrica destruiu uma árvore de 25 metros na madrugada de ontem em Arroio do Ouro, comunidade distante seis quilômetros do centro. Destroços foram arremessados a mais de cem metros, quebrando parte do telhado da moradia de Ivair Spiecker, 42, e causando avarias ao carro da família, uma caminhonete Montana seminova.

03O fato aconteceu por volta das 5h, quando Spiecker, a mulher, os dois filhos e o sobrinho dormiam. Tamanho foi o estrondo que todos tiveram a impressão de ficarem surdos e, a princípio, não perceberam os danos à moradia. Uma das crianças se escondeu embaixo da cama. “Achei que morreríamos”, relata Nelci Spiecker, 47.

De acordo com o agricultor, não havia trovões nem relâmpagos naquela noite. “Foi de uma hora pra outra. Levou um tempo para entendermos o que tinha acontecido.” Instantes depois, saíram ao pátio e se depararam com galhos amontoados e a casa coberta por destroços.

Situada a dez metros da moradia, a árvore grevílea secou com a descarga e foi reduzida a menos de 1/5 do tamanho original. Plantada há quase 40 anos pelos avós de Nelci, era a mais alta da propriedade.

Naquela manhã, a família participaria da feira do produtor rural da cidade, onde ofertaria tradicionais potes de melado e rapadura. A participação precisou ser cancelada, pois parte da agroindústria também sofreu danos. “Os fregueses da feira acabaram sem produto, mas conseguimos repassar as mercadorias a mercados locais.”

Até o fim da tarde, Spiecker ainda contabilizava os prejuízos. Estima a necessidade de comprar dez telhas brasilite para consertar o telhado. Sobre o carro, fará um levantamento dos custos antes de acionar a seguradora, cuja franquia passa de R$ 1 mil. “O mais importante é que ninguém estava fora de casa. Todos estão bem.”

Há dois anos, uma descarga atingiu a rede elétrica da comunidade. Transformadores de energia estouraram e aparelhos das moradias queimaram.

País lidera incidência de raios

Levantamento do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) aponta o Brasil como região de maior incidência de descargas elétricas no mundo. São mais de 60 milhões de registros por ano, cerca de 164 mil diários. O Rio Grande do Sul é o quarto Estado com maior número de ocorrências. Porém, se for analisada a densidade, passa a ser o primeiro no país, com 18 raios por quilômetro quadrado.

O fato de estar próximo ao Paraguai e da região Norte da Argentina, onde ocorrem tempestades intensas que com frequência adentram ao território gaúcho contribui para o alto número de incidências no Estado. Conforme a MetSul Meteorologia, municípios da região Noroeste do Rio Grande do Sul, como Santa Rosa, Três de Maio e Horizontina, concentram o maior número de casos.

De acordo com a entidade, as descargas matam mais do que enchentes e deslizamentos. A média anual chega a 130 óbitos. Para o coordenador do Grupo de Eletricidade Atmosférica do Inpe, Osmar Pinto Júnior, a zona rural é o lugar mais perigoso, pois as pessoas trabalham ao ar livre e estão mais expostas do que em uma cidade. “A cada cem mortes por raio no país, 80 acontecem no campo.”

Animais também correm perigo. Osmar Pfingstag, de Cruzeiro do Sul, registrou a morte de três novilhas prenhas no ano passado. Elas estavam embaixo de uma árvore quando receberam a descarga. O produtor encontrou os animais mortos, um ao lado do outro, em um mato no meio do potreiro. As perdas passaram de R$ 10 mil.

Saiba mais

O raio é um fenômeno natural também chamado popularmente de relâmpago. É uma descarga elétrica ou descarga atmosférica que ocorre entre nuvens ou entre a nuvem e a terra. A intensidade pode variar de 20 a 40 mil amperes, mil vezes a de um chuveiro. Pode atingir 30 mil graus Celsius, seis vezes mais do que na superfície do sol.

Como se formam os raios

1 – Ventos ascendentes levam o ar quente e úmido do solo para as altas camadas da atmosfera, onde ele se esfria. O resultado é uma nuvem em forma de bigorna, chamada cúmulo-nimbo, com uma base escura;

2 – Quando a nuvem alcança cerca de dez mil metros de altitude, a baixíssima temperatura na sua parte mais alta (-35 °C) condensa o vapor em partículas de água e de gelo;

3 – As gotas de água e os cristais de gelo são puxados para baixo pela gravidade. À medida que caem pelo interior da nuvem, arrastam o ar consigo. O choque entre as partículas faz algumas delas perderem ou ganharem elétrons, tornando-se eletrificadas;

4 – Um raio acontece quando o campo elétrico da nuvem se torna tão forte que arranca um elétron de uma molécula de ar, carregando-o.

5 – Quando o raio chega perto do chão, a carga positiva da Terra se intensifica naquele lugar e dispara uma descarga em sentido contrário ao do raio. Então, acontece o relâmpago.

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