Venâncio Aires – A situação dramática pela qual passa a família de Yuri Michael Batista Lopes reascende a necessidade de mais leitos de UTI Pediátrica nos vales do Rio Pardo e Taquari. Com 5 meses de idade, o menino de Vila Battisti, em Venâncio Aires, está internado em estado grave no Hospital São Sebastião Mártir, onde recebe atendimento em uma estrutura improvisada.
A direção da entidade tenta com a Central de Leitos do Estado a transferência de Yuri para um hospital de maior porte desde terça-feira, enquanto vê o quadro clínico se agravar. Ontem à noite, ele piorou e foi submetido à entubação para conseguir respirar. “É frustrante para uma pessoa presenciar algo assim”, aponta o pediatra Vilson Francisco Gauer.
O menino deu entrada no hospital domingo à noite com pneumonia e recebeu baixa para tratamento. Na terça-feira, o quadro piorou e foi necessário solicitar um médico de Santa Cruz do Sul para fazer o procedimento de drenagem, a fim de retirar o excesso de pus nos pulmões. “Ele melhorou com isso, mas como não temos estrutura e nem profissional para lidar com esse quadro delicado, voltou a piorar”, diz Gauer.
Havia expectativa da transferência para Santa Cruz do Sul, onde todos os quatro leitos estavam ocupados. Para isso, seria necessário retirar uma criança que estivesse em melhor situação de saúde para dar lugar a Yuri. Mas até o fechamento desta edição (21h) a proposta não se concretizou. De acordo com o pediatra, há promessa de o menino ser levado hoje pela manhã para o Hospital Universitário Ulbra, em Canoas.
Oito leitos de UTI para 59 municípios
Apuração a partir de informações do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES), do Ministério da Saúde, aponta que os vales do Taquari e Rio Pardo contam apenas com oito leitos de UTI Pediátrica, sendo sete destes SUS. São 59 municípios, onde residem cerca de 760 mil pessoas.
Quatro vagas estão situadas no Hospital Santa Cruz e outras quatro no Hospital Bruno Born, em Lajeado, onde uma é particular. O cadastro também relaciona o Hospital Estrela com tendo dois leitos da UTI, mas ambos foram encerrados após a transformação da entidade em exclusiva para UTI Neo Natal.
Neste contexto, o HBB ainda corre o risco de ficar sem as unidades. Em junho de 2013, a Secretaria Estadual da Saúde confirmou a construção da unidade pediátrica para este ano. Seriam R$ 2 milhões para a criação de dez vagas, metade custeada pelo governo do Estado. “Volta e meia tivemos um pedido de adequação. Não sai do papel. Pela demora, descartamos essa obra”, apontou em maio deste ano o diretor-técnico do HBB, médico Cláudio Klein.
Mês passado, a direção do hospital retomou as negociações ao enviar novo projeto ao Estado, solicitando o repasse de R$ 2,5 milhões. Agora, inexiste previsão de encerrar os atendimentos da UTI Pediátrica, informa Klein. “Não podemos fechar. A própria Central de Leitos reconhece essa deficiência.”