Irmãs têm parto normal no mesmo dia

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Irmãs têm parto normal no mesmo dia

Moradoras do bairro Santo Antônio aumentam os índices de parto natural na região

Lajeado – Duas irmãs deram à luz meninas por parto normal com apenas seis horas de diferença. O fato inusitado ocorreu na segunda-feira, no Hospital Bruno Born (HBB).

04Jaqueline, 24, e Juliana Santos Thealdo, 18, não imaginavam que teriam as filhas Jenniffer e Ágata quase ao mesmo tempo, pois a previsão dos médicos era que Ágata nasceria nesta quinta-feira, e Jennifer no dia 3 de julho.

Na segunda-feira de manhã, as duas irmãs começaram a sentir fortes contrações e foram encaminhadas ao HBB. Jaqueline entrou em trabalho de parto primeiro e Jenniffer nasceu às 16h10min, com 3,7 quilos e 49,5 centímetros. De noite foi a vez de Juliana dar à luz Ágata. Ela nasceu às 22h18min, com 3,5 quilos e 49 centímetros.

De acordo com a pediatra das meninas, Suzana Elesbão de Borba, os dois partos foram rápidos e sem complicações. Em 25 anos como médica, foi a primeira vez que ela teve notícia de um caso como esse. “É inusitado, principalmente por se tratar de partos naturais.”

As duas mães são moradoras do bairro Santo Antônio e estavam na segunda gestação. As duas têm filhos meninos, de 2 e 7 anos, que também nasceram por parto normal. A gravidez de Jaqueline foi planejada e desde a primeira gestação Juliana sonhava em ter uma menina.

Jaqueline e Juliana optaram pelo parto sem cirurgia por ser um procedimento menos invasivo e com recuperação mais rápida. “É melhor, tanto para a mãe quanto para a criança”, diz Jaqueline.

Afirmam que, mesmo com as dores do parto, a sensação de ter a filha nos braços logo após o nascimento é de uma felicidade indescritível.

Mais de 70% dos partos são via cesárea

Casos como o das duas irmãs ainda são raros na região. Em Lajeado 72% dos partos realizados são por cirurgia, índice muito acima do recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que é de 15%.

De acordo com o secretário da Saúde Glademir Schwingel, o município trabalha para aumentar o índices de partos normais. Entre as preocupações estão a qualificação do pré-natal e o incentivo ao parto humanizado.

Segundo Schwingel, entre as causas para o grande número de cirurgias está a cultura do imediatismo. “As pessoas querem resolver tudo muito rápido e o parto normal tem seu tempo para acontecer, que pode levar de 15 minutos a algumas horas.” Outro motivo seria a remuneração do SUS para os nascimentos, que seria maior em cirurgias.

Schwingel afirma que o município está em processo de renovação do contrato do HBB com o SUS. “Pretendemos inverter a lógica financeira, valorizando mais os partos naturais em relação à cesárea.”

Ele ressalta que, embora a cirurgia seja importante em situações de risco, o parto normal tem menos risco de infecção hospitalar e fortalece o vínculo materno.

Para Suzana de Borba, muitas mães têm receio do parto normal pela suposta dor que ele proporciona, entre outras inseguranças.

Números

No Brasil, o índice de cirurgias chega a 52% dos partos, com 88% no setor privado, segundo pesquisa da Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz). No Vale os índices de cirurgias são ainda maiores em comparação aos nacionais. Em Lajeado, dos 1.275 partos hospitalares em 2013, 72% foram por cesárea. Dos cerca de 25 nascimentos realizados por mês em Arroio do Meio, apenas 10% são via parto normal, segundo dados da Secretaria da Saúde. Em Estrela o número de cesarianas é quase cinco vezes superior ao de partos normais.

Em 2013 foram 320 nascimentos por cirurgia, contra 71 nascimentos naturais no município.

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