Lajeado – Agentes da PC impediram que 4,8 quilos de maconha entrassem no presídio. A droga entraria com suposto auxílio de uma agente penitenciária. Ação foi deflagrada no fim da madrugada de ontem, resultando na prisão de outros quatro suspeitos de envolvimento com o tráfico. Notebooks, pedras de crack, 16 celulares, armas de brinquedo, tablets e uma quantia de dinheiro foram apreendidos.
A PC e a Susepe não divulgaram a identidade da agente. Conforme a delegada, Elisabete Barreto Müller, três mulheres foram presas na operação. Apenas os primeiros nomes foram divulgados: Débora, 31, Suzana, 45, e Jussara, 49. Também foram detidos em flagrante Luís Felipe Grobin, 23, e um taxista de mesma idade, cujas iniciais são L.F.P.
De acordo com a delegada, a investigação durou pouco tempo. A polícia recebeu informação sobre uma quantia de drogas que seria levada até o presídio, partindo de um apartamento localizado no centro da cidade. O taxista e uma das mulheres foram os primeiros a serem presos nas imediações da casa prisional. Junto com eles, os investigadores encontraram os 4,8 quilos de maconha.
A partir da prisão dos dois suspeitos, a polícia chegou a outras duas pessoas supostamente envolvidas. Uma mulher foi presa dentro da residência de onde saiu a droga, e um homem em local não divulgado pelos investigadores. Com eles, foram apreendidos celulares, dinheiro, mais quantidade de drogas e notebooks.
Após efetuarem as quatro prisões, os policiais deram sequência à entrega da droga no presídio, com intuito de descobrir qual agente estaria facilitando a entrada da maconha dentro das celas. A agente penitenciária, que atua desde 2009 em Lajeado e há 12 anos na Susepe, foi até o portão, abriu para o entregador e recebeu a encomenda. Ela foi presa em flagrante às 5h.
Outros seis agentes penitenciários trabalhavam no presídio no momento da prisão. Até agora, não há qualquer informação sobre a participação de outros servidores no crime.
A operação de ontem contou com a participação de 15 agentes da Delegacia Regional da Polícia Civil, dos delegados de Estrela e Lajeado, Grupo de Investigação Regional (GIR) e da Susepe.
Presídio sem câmeras
O novo diretor do Presídio Estadual de Lajeado, Luis Carlos Garcia dos Santos, assumiu o posto há 15 dias. Ele lamenta a ausência de câmeras nas áreas externas e internas da casa prisional. Não há qualquer imagem da agente penitenciária recebendo a entrega na madrugada de ontem. “Já fizemos essa solicitação, mas ainda estamos aguardando.”
Segundo Santos, a agente presa estava no posto de observação localizado na entrada do presídio. Outro servidor atua em um posto que fica no fundo do corredor das celas. Diz que o horário da prisão coincide com a saída de presos para o semiaberto. Sobre a servidora detida, comenta apenas que todos os colegas e profissionais que atuam no local demonstraram surpresa com a prisão. “Até então, sempre foi considerada uma excelente profissional.”
“Dentro do presídio,maconha valeria R$ 100 mil”
O preço do quilo da maconha fora do presídio varia de R$ 900 até R$ 1,1 mil, segundo investigadores. Dentro da casa prisional, o preço do quilo da droga poderia chegar a até R$ 20 mil. “Acreditamos que esses quase cinco quilos poderiam render até R$ 100 mil”, avalia o delegado regional da Susepe, Anderson Louzado.
Ele demonstra preocupação com a provável participação da agente. Lembra que ela atua há pelo menos três anos e meio em Lajeado. “Se for comprovado, imagina quanta droga já pode ter entrado”, salienta. Apesar do suposto envolvimento de um servidor da Susepe, Louzado enaltece o trabalho da corporação. “Mostramos que, mesmo com problemas de superlotação, é possível flagrar esse tipo de crime.”
O delegado regional cita também outro fato semelhante, envolvendo o ex-agente José Renato do Nascimento. Hoje presidiário, ele foi preso em setembro de 2012 tentando entrar com 575 gramas de maconha e aparelhos celulares na Penitenciária Modulada Estadual de Charqueadas (PMEC). Acabou condenado por tráfico, com pena de 13 anos de reclusão.