País – O número de pessoas inadimplentes registrado no banco de dados do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) e da Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL) cresceu 9,56% no mês de maio, em comparação com o mesmo período do ano passado. Essa é a maior alta desde janeiro de 2010.
Conforme o estudo, divulgado ontem, pegando como base o mês de abril deste ano, o crescimento foi 1,38%. A inadimplência identificada nos últimos meses tem sido influenciada por fatores como inflação, aumento da taxa de juros e diminuição da atividade econômica.
Em relação ao número total de dívidas em atraso, as entidades verificaram aumento de 5,21%. A maior parte desse crescimento dos débitos tem relação com dívidas bancárias. De acordo com a pesquisa, no segmento bancos, a alta responde por 38% do aumento total de dívidas em atraso.
As contas de internet, tevê por assinatura e telefone ganharam espaço na taxa de inadimplência. O setor de serviços representou 23% do aumento no país.
Na análise das regiões do país, a única que apresentou queda nos registros foi o Sudeste (-1,3%). Foram apuradas altas no Nordeste (7,3%), Sul (5,9%), Norte (5,1%) e Centro-Oeste (5,5%).
O CDNL projeta um crescimento da inadimplência neste ano de 7,5%. A estimativa anterior ficava em 4,5% a 5%. Esse novo índice está relacionado ao aumento da taxa básica de juros. O SPC calcula em cerca de 55 milhões de CPFs levados para registro até o fim de maio. Em abril, eram 53,8 milhões de inadimplentes.
Fecomércio verifica crescimento “sutil”
De acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor Gaúcho (PEIC), divulgada pela Fecomércio na semana passada, 53% das famílias entrevistadas afirmaram estar endividadas. Considerando a média em 12 meses, a inadimplência permaneceu estável, passando de 57,6% em abril de 2014 para 57,7% em maio deste ano.
A parcela da renda familiar comprometida com dívidas, na média em 12 meses, passou de 25,7% em abril para 25,8% em maio. Neste ano, o percentual de famílias com contas em atraso foi de 23,6%, apresentando crescimento na comparação 2013, quando atingiu 18,9%. Na média de 12 meses, o indicador passou de 20,7% em abril para 21% em maio, frente a uma média histórica de 29,2%.
A pesquisa ainda constatou um recuo no percentual de famílias que não terão condições de pagar suas dívidas em atraso em 30 dias. Em maio de 2014, esse índice foi de 6,6%, contra 7,7% em maio do ano passado.
Conforme o economista da federação, Lucas Schifino, 79% das dívidas são de curto prazo e partem de gastos com o cartão de crédito. Depois disso, aparece os carnês (33,6%) e o cheque especial (13,5%). “Observamos um aumento sutil devido às taxas de juros. Isso é natural na economia, pois o juros afeta a renda disponível das famílias.”
Na opinião dele, antes de tentar um financiamento, as pessoas devem saber que se trata de uma antecipação de renda. “Terão de gerar, ou economizar no futuro para saldar o débito”, avalia. Uma segunda dica do economista é fazer o planejamento de despesas receita todo o mês. “As famílias devem aprender mais sobre educação financeira. Saber dos conceitos básicos de gestão evita rombos no orçamento.”