Estrela – Uma criança indígena de dois anos e meio morreu, na manhã de ontem, ao ser atingida pela roda de um veículo Gol, placas IKV-0032, de Canoas. Segundo informações da Polícia Rodoviária Federal (PRF), o automóvel transitava no quilômetro 359,8 da BR-386, sentido Porto Alegre – Lajeado, quando toda estrutura do rodado traseiro se desprendeu e foi arremessada contra a índia. A menina estava acompanhada dos pais, Claudete de Melo e João Luís Vieira dos Santos, ambos com ferimentos leves.
A família, pertencente à tribo caingangue, estava próxima a um ponto de ônibus no momento do acidente. Conforme o chefe da PRF, Adão Madril, ao se desprender do carro, a roda percorreu cerca de 40 metros até onde estava a criança.
O equipamento atingiu a menina e em seguida uma placa de parada de ônibus. Essa teria caído sobre a família.
Sem a roda, o carro saiu da pista, em direção ao acostamento. Parou nas proximidades do acidente. Uma viatura da PRF trafegava pelo local poucos minutos após a fatalidade. Agentes da polícia socorreram a criança e a levaram com vida ao Hospital Estrela, onde morreu. Acionada, ambulância do Samu atendeu o pai da vítima.
O veículo foi recolhido pela Polícia Civil de Estrela para perícia, com conclusão prevista para 30 dias. O órgão instaurou inquérito para apurar o caso. O condutor do automóvel, Paulo José Cereza, responderá por homicídio culposo de trânsito. Ele estava acompanhado de um passageiro.
“A menina foi jogada para o mato”
Vigilante da aldeia, Cristian Aranda, presenciou a cena. Conforme ele, o veículo estava em alta velocidade e a roda lançou a menina para o matagal. Ele afirma que a placa não atingiu a índia. “A mãe buscou ela no mato, já inconsciente.”
Ao ligar o carro para prestar socorro, a viatura da PRF passou pelo local e atendeu as vítimas. Claudete acompanhou a filha até o hospital, enquanto João Luís aguardou o Samu.
Integrantes da tribo caingangue reforçam a versão do vigilante. A cacique, Maria Soares, diz que o carro estava com velocidade incompatível com a permitida na via. Ela relata que a menina foi atingida pelo objeto na cabeça. Segundo ela, os pais estavam sentados em um tronco de árvore, à espera de ônibus para vender artesanato em Lajeado.
Maria relembra do atropelamento da irmã, em 2005. Revoltada, cobra punições aos infratores. “Queremos justiça, vamos atrás dos nossos direitos.”
Mecânico alerta
Ao sair com o veículo, o mecânico Valdir Petter orienta para revisão do automóvel. Ele indica a verificação da suspensão, rodados e pneus. Acredita que o acidente aconteceu devido à falha mecânica. “A roda deveria estar mal-ajustada.”
Conforme ele, episódios semelhantes são incomuns com carros e diz ser difícil o motorista perceber o problema durante o tráfego.