Estrela – A empresa Sulprecol tem 15 dias para atender as determinações judiciais na construção interditada entre as ruas Coronel Flores e Fernando Abott. Caso descumpra a liminar, os responsáveis terão de pagar R$ 1 mil por dia.
O governo ingressou com ação contra a construtora. A sentença em 1º grau foi divulgada ontem. De acordo com a promotoria do município, a obra abandonada desde 2011 é um risco à saúde pública. Em dias de chuva, a água fica acumulada no terreno. Condição favorável à proliferação de insetos.
Pela liminar, a empresa tem 48 horas para drenar a água represada. O mesmo prazo foi dado para a retirada dos restos de materiais de construção. A Justiça deu prazo máximo de 15 dias para construção de um muro de contenção no entorno da estrutura do imóvel, bem como para substituição dos tapumes.
Conforme o Setor de Engenharia do município, como houve escavações no terreno, há risco de desmoronamentos. Um dos pontos mais críticos fica nos fundos da Igreja Matriz Santo Antônio, um patrimônio histórico, cultural e arquitetônico da cidade.
Desde 2012 o município tenta impor medidas para solucionar os problemas na área. Até agora, foram mais de dez notificações pedindo providências da Sulprecol. Em março do ano passado, os tapumes que invadiam a calçada e atrapalhavam a passagem de pedestres e do trânsito foram retirados.
Pelo Código de Edificações, as barreiras devem invadir, no máximo, 30 centímetros da calçada. Em obras paralisadas por mais de 180 dias, os andaimes e tapumes devem ser demolidos e a via liberada. No entanto, a divisória ficou no local por mais de dois anos, contrariando a norma.
Também foi instalada uma bomba de sucção, mas o problema persiste, diz a assessora jurídica do Executivo, Roberta Petter Ranninger. Segundo ela, apesar da insistência do governo, os responsáveis pela empresa não comunicam qualquer atitude tomada. “Chegamos a um ponto que ficou inaceitável. Queremos uma solução para esse caso.”
Pela liminar, a Justiça autoriza o município a fazer as obras e cobrar da empresa depois, em caso de omissão dos responsáveis.
Ameaça na paróquia
As aulas de catequese ocorrem em salas nos fundos da igreja. “Não deixamos as crianças irem para o pátio, pois temos medo que algo aconteça”, diz o padre Asabido Pedro Lugwig. Há três anos respondendo pela Igreja Matriz Santo Antônio, lembra do início da obra. “Foram feitas escavações. Depois que abandonaram, a situação piorou.”
Cerca de cem crianças integram as aulas da paróquia. Sem proteção para o pátio da obra inacabada, um banheiro nos fundos precisou ser lacrado. Segundo o padre, apareceram rachaduras nas paredes.
Comunidade clama por solução
Assunto que por muitas vezes foi motivo de chacota na cidade agora leva aflição às pessoas. Em tom de brincadeira, alguns atribuem a demora no término da obra a uma “maldição”.
As piadas estariam ligadas à negociação do terreno. O comprador teria prometido construir um edifício e nomeá-lo de Bruno Schwertner, dono da área e antigo construtor de relógios. Neto do relojoeiro, Sérgio Schwertner, confirma que tal fato existiu.
Agora, o sentimento é de inoperância dos órgãos públicos. Alguns moradores preferem não se identificar , mas reforçam o desejo de solução. “Já ouvimos muitas coisas. De que iriam resolver logo, mas a história se repete e a situação continua a mesma”, diz um comerciante.
Em entrevista anterior, o engenheiro responsável pela obra, Sérgio Luiz Dresch, disse que a paralisação da obra estava ligada à necessidade de adequações no projeto.
Chegou a afirmar que a construção reiniciaria em agosto de 2012. Ontem, não respondeu às tentativas de contato da reportagem.