Lajeado – A administração municipal ofereceu uma nova área para os índios venderem artesanatos. Fica no Parque Professor Theobaldo Dick, na área central. A proposta foi apresentada na quarta-feira, em reunião com integrantes da tribo e Ministério Público Federal (MPF).
O ponto fica na antiga parada de ônibus desativada, em frente ao novo terminal da rua João Abott. Em entrevista à Rádio Independente ontem, a secretária de Trabalho, Habitação e Assistência Social, Ana Reckziegel, afirmou que a municipalidade pode reformar a estrutura. O quiosque seria fechado, com possibilidade de guardar os artesanatos, possibilitando a venda dos produtos inclusive nos fins de semana.
Hoje, há um tenda instalada às margens da ERS-130. Os índios da tribo Foxá expõem os itens no trecho desde o dia 7 de setembro.
Os índios cobram uma promessa do Executivo, feita em 2007. Naquela época, eles foram retirados das margens da ERS-130 para uma área entre os bairros Santo Antônio e Jardim do Cedro. O compromisso firmado com o então governo previa a construção de quiosque na área central, condicionante para a saída da tribo da rodovia.
Em outubro do ano passado, os órgãos públicos se reuniram com os índios. Na ocasião, tentavam encontrar uma solução para retirada das crianças indígenas das ruas do centro. A primeira alternativa foi a construção de um espaço na Feira do Produtor. Os agricultores rechaçaram a presença dos caingangues no local.
Tribo discute proposta
No sábado, a comunidade da tribo Foxá se reúne para discutir se aceita a proposta do governo. Conforme o vice-cacique, Gregório da Silva, caso o quiosque seja fechado e tenha espaço para colocar um fogão e geladeira, poderia ser uma alternativa viável. “Mas isso depende da escolha dos demais”, argumenta. Segundo ele, na segunda-feira, os índios responderão ao MPF.
Como contrapartida, as famílias indígenas devem garantir a permanência dos menores no espaço destinado à venda dos produtos.
No local até 2007
Parte dos integrantes da tribo Foxá chegou ao Vale vinda da fronteira com Santa Catarina. Na divisa dos bairros Santo Antônio e Jardim do Cedro fica a aldeia da tribo caingangue. Em outubro de 2007, após negociação com o poder público, os caingangues deixaram a margem da rodovia. Uma pequena aldeia foi construída com recursos municipais, em frente ao novo Estádio do Lajeadense.
Vivem cerca de 80 pessoas, divididas em 16 famílias. As condições do local são insalubres. Há um banheiro para todos.
Na tenda, vendem parte das produções. Os índios alegam que o pouco movimento prejudica o orçamento da tribo. Mulher do vice-cacique, Josélia de Moura, reforça a necessidade de um local mais próximo à área central para os índios. “Dependemos dos artesanatos. Aqui, poucos compram.”
No Estado, do total de 25 milhões de hectares, 97,5 mil são ocupadas pelos índios. Isso significa um percentual de 0,39%, sendo que aqui vivem duas das maiores etnias do país – os guarani e os caingangue.