Vale do Taquari – Há muito o que fazer. O anúncio da liberação dos 22 quilômetros de duplicação a partir do trevo de acesso a Bom Retiro do Sul pegou alguns funcionários de surpresa. A ordem é agilizar os serviços para entregar o trecho até Tabaí entre os dias 10 e 15 de fevereiro. Pintura de faixas e sinalização iniciaram ontem.
A decisão de liberar dois terços da obra em fevereiro foi anunciada ainda em 2013, após pressão da presidente Dilma Roussef. Nesta semana, o consórcio de empresas Conpasul – Iccila Momento – Cotrel foi notificado da decisão. Após a conclusão desse serviço, o Dnit se reúne com a Polícia Rodoviária Federal (PRF) para decidir a data precisa da liberação.
No trajeto de 22 quilômetros, há diversos trechos inacabados e com obras atrasadas. Logo no início, inexiste asfalto numa faixa de aproximadamente 600 metros. Mas o ponto mais crítico fica na divisa entre os municípios de Fazenda Vilanova e Paverama. Um trecho de cerca de 1,5 quilômetro também não possui asfalto e os serviços de terraplenagem seguem inacabados.
Durante todo o dia de ontem, pelo menos dez máquinas e caminhões trabalhavam naquele local, que fica próximo ao Posto Rosinha. O movimento de funcionários foi intenso também nos últimos metros da duplicação. O viaduto em Tabaí segue inacabado. As cabeceiras da estrutura não estão prontas. “A ordem é apressar as obras”, resume o diretor da Conpasul, Nilto Scapin.
Há ainda um trecho de pelo menos 400 metros de pista – antes e depois da passagem elevada – sem asfalto. Nesse local, a passagem inferior também permanece em obras e deve ser concluída no fim de fevereiro. O fluxo de veículos sobre e sob o viaduto está interrompido. Mesmo após a liberação anunciada, o trânsito seguirá desviado por vias laterais.
Outros nove quilômetros permanecerão em obras. Nesse trecho, as obras devem ser concluídas até o fim de maio. Só dois quilômetros ainda não recebem trabalhos, e dificilmente ficam prontos até o meio do ano. O motivo é o atraso na construção da nova aldeia indígena caingangue localizada às margens da rodovia, e com previsão de dois anos para o término.
O investimento previsto hoje para os 33,8 quilômetros de duplicação é de R$ 185 milhões. Ela iniciou em novembro de 2010 – com orçamento de R$ 150 milhões – e está 75% concluída. A direção da Conpasul avisou que, caso a Funai não libere os dois quilômetros da aldeia até maio, a empresa romperá contrato e todas as máquinas e servidores deixarão o local.
Iniciam estudos para nova aldeia
Nessa terça-feira, técnicos contratados pelo consórcio responsável pela construção da aldeia caingangue visitaram o local. Algumas estacas já demarcam áreas por onde a rodovia passará. A previsão é finalizar as 29 moradias até o fim do ano. Após o término, o Dnit pretende negociar com líderes dos índios e a Funai para solicitar a liberação da obra.
A partir de janeiro de 2015, iniciam as obras de construção de um centro de reuniões para promover a cultura indígena, de uma escola e da casa de artesanato. Há prazo até o fim do mesmo ano para conclusão de todo o projeto. A cacique da tribo, Maria Conceição Soares, reclama do cronograma. “A promessa era finalizar primeiro a escola e a casa de artesanato.”
O Dnit adquiriu uma área de terra com 6,7 hectares em 2013. Além das edificações, o projeto de R$ 8,5 milhões contempla pesquisas e estudos de impacto ambiental e do solo, serviços de terraplenagem, drenagem, sistema de abastecimento de água, rede elétrica e os acessos à nova aldeia.
Primeiro trecho: Estrela
O primeiro trecho da duplicação segue atrasado. Em alguns pontos, como no fim da pista duplicada no perímetro urbano de Estrela, a terraplenagem recém foi iniciada. Um pouco adiante, antes da empresa Rola Moça, há um pequeno trecho asfaltado.
A estrutura da ponte está pronta, mas falta concretizar a cabeceira e alguns aterros laterais. A partir desse ponto, ainda sem asfalto, há obras avançadas de terraplenagem no entroncamento com a Transantarita, até o Posto do Laguinho.
Segundo trecho: Aldeia indígena
Não existem obras realizadas ou mesmo em andamento entre o Posto do Laguinho e o trevo de acesso a Bom Retiro do Sul. É nesse trecho de dois quilômetros que se encontra a aldeia indígena caingangue.
A Funai prevê liberar os trabalhos no local só em 2015, após a construção das novas casas, de um centro de integração, uma escola e um quiosque para venda de artesanato. O trecho possui pouco mais de 2,1 quilômetros de distância.
Terceiro trecho: Bom Retiro do Sul/Estrela
O trecho que o Dnit pretende liberar até dia 15 de fevereiro inicia nesse ponto. Nos primeiros 800 metros há obras avançadas de terraplenagem e compactação da via. Após, começa o asfalto. Ontem, funcionários iniciaram a pintura próximo à localidade de Glória.
Não há sinalização de placas ou divisão de pistas com tachões, só alguns guard-rails. Em alguns pontos, como nas proximidades da fábrica Bom Gosto, há uma quinta faixa quase pronta para acessos laterais. A ligação com a Via Láctea está pronta, faltando apenas a sinalização.
Quarto trecho: Fazenda Vilanova
O viaduto que cruza a cidade está pronto. Falta apenas sinalizar a ligação da pista no sentido interior-capital, e também os acessos laterais. Há pintura e tachões em alguns trechos da nova pista. Das quatro faixas, duas já estão liberadas desde o ano passado.
Após o viaduto o trecho duplicado está asfaltado, mas sem sinalização. Em alguns pontos, máquinas reforçam o asfalto. Há pontos com guard-rails instalados. O ponto mais atrasado fica a pouco menos de 300 metros antes da antiga praça de pedágio. Inexiste asfalto e a terraplenagem recém iniciou. Duas máquinas trabalhavam ontem no local.
Passando o pedágio, há outro pequeno trecho sem asfalto, com pouco mais de cem metros de comprimento. Logo na sequência, inicia o novo asfalto, ainda sem sinalização. A ponte sobre o Arroio Concórdia está pronta. Nesse ponto ocorreu a maior tragédia da BR-386, quando 13 pessoas morreram em 2008, após acidente envolvendo ônibus e caminhão.
Quinto trecho: Paverama
Este é trecho mais crítico. Próximo à divisa com Fazenda Vilanova, após pouco mais de dois quilômetros de asfalto ininterrupto, há diversos pontos onde a terraplenagem está atrasada. Em outros, se iniciou a colocação de pedras. Pelo menos dez máquinas e caminhões trabalhavam intensamente na tarde de ontem no trajeto com pouco mais de 1,5 quilômetros.
Existem algumas jazidas de terra nas proximidades, e é grande o fluxo de caminhões carregando o material e cruzando as vias. Há muitos acessos inacabados. O trecho só volta a ter asfalto um pouco antes do Posto Rosinha. Funcionários já realizam o plantio de gramas entre a pista antiga e a nova. Os acessos ao posto e o acesso principal à cidade já receberam asfalto, mas não há sinalização ou pintura.
Sexto trecho: Tabaí
falto sem sinalização e pintura entre Paverama e Tabaí, o trânsito é desviado por dois acessos laterais que levam ao centro da cidade. Isso porque o novo viaduto não está pronto. Além das cabeceiras e dos aterros laterais em ambos os lados, há pelo menos 400 metros de pistas sem asfalto – antes e depois da estrutura. O viaduto não estará liberado até dia 15 de fevereiro.