Novas regras aumentam drama por UTIs

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Novas regras aumentam drama por UTIs

Cinco leitos de UTI Pediátrica serão fechados. Alternativa será ir a Porto Alegre

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Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

aApontada como prioridade de grande parte dos gestores públicos, a área da saúde ficará ainda mais precária. As poucas Unidades de Terapia Intensiva (UTI) pediátricas do Vale, situadas no Hospital Bruno Born (HBB), em Lajeado, e no Hospital Estrela serão fechadas em 2013.

Pacientes serão encaminhados a outros hospitais do estado em que houver vaga. Em todos há superlotação. Após o fechamento será extinguido o atendimento a crianças com idade entre 28 dias e 12 anos.

Nova lei, criada em novembro de 2012, regulamenta que a UTI Neonatal deve ficar separada da UTI pediátrica. A justificativa tem base num estudo realizado nos Estados Unidos, que comprovou uma facilidade que os recém-nascidos têm de serem infeccionados pelas crianças tratadas na unidade pediátrica.

Ao todo cinco leitos serão fechados na região, três em Lajeado e dois em Estrela. A diretora do Hospital Estrela, irmã Teresia Steffen, esclarece que em função da demanda, o hospital optará em permanecer com a UTI Neonatal. O fechamento da unidade pediátrica pode ocorrer até novembro.

O projeto de transformação da UTI mista em Neonatal foi encaminhado à Vigilância Sanitária. A aprovação da planta definirá a data de início das obras. Serão oito leitos abertos e dois de isolamento.

Teresia acredita que até o prazo final possa haver alterações e pede que a comunidade não fique preocupada. “Se não tem como modificar a legislação temos que nos adequar a ela.”

Preocupação

Assim como o Hospital Estrela, o HBB também optou por manter a UTI Neonatal. O morador de Arroio do Meio, Lauri Hanauer, 56, que estava aguardando por uma consulta, não esconde a preocupação com a situação. Destaca que o SUS sofre para atender a demanda e prevê que o transtorno aumente depois da mudança.

Laci Gewehr, 45, de Imigrante, que aguardava por atendimento no HBB, acredita que até o fim do prazo estipulado pela legislação, o governo intervenha, evitando que as filas nas UTI pediátrica aumente.

Essa mudança piorará o serviço”

O diretor do HBB, Cláudio Klein, teme que a mudança provocará maior espera por leitos de UTI. Reclama da lei e relaciona os altos custos dos equipamentos e profissionais como impedimento para construir novo espaço para a UTI pediátrica.

A Hora: Há a intenção de abrir um nova UTI pediátrica por parte do hospital?

Klein: Não. O hospital não tem recursos para isso. Temos um cálculo que cada leito custa em média R$ 250 mil, para abrir um nova unidade seriam necessários 10 leitos, com um custo de R$ 2,5 milhões. Com os valores repassados hoje pelo SUS, não tem como manter uma UTI. Estamos cobrando do estado uma resposta de um projeto que encaminhamos para termos uma nova área para os leitos de pediatria. O governo entraria com todos os recursos e atenderíamos toda a demanda via o SUS.

E como ficarão os pacientes?

Klein: Ainda não sabemos para onde serão encaminhados. O procedimento é que sejam repassados para a central de leitos do estado. Na semana passada quando precisávamos de um leito do estado, a central disse que éramos o sexto em um lista, portanto não tinham condição nenhuma de nos atender. Os pacientes possivelmente terão de ir à capital.

Acredita que seja necessária essa mudança?

Klein: Nós temos um hábito que pode ser bom em alguns aspectos e negativo em outros. Queremos oferecer Medicina de primeiro mundo, mas com recursos de quarto mundo. Investimos em saúde menos do que a Argentina. Não temos condições de oferecer o que há nos Estados Unidos, mas trazem um dado sobre infecção de lá, e querem aplicar aqui. Não temos nem equipe para atender duas UTIs ao mesmo tempo, ainda mais com essa falta de médicos e técnico em enfermagem. São problemas que não se resolvem em uma década.

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