Morte de cães reafirma superpopulação

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Morte de cães reafirma superpopulação

Moradores adotam medidas extremas para diminuir excesso de animais nas ruas

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bDois mil moradores de Roca Sales assinam manifesto pedindo a formulação de uma lei que incentive a castração dos animais. Projeto similar está sendo desenvolvido em Estrela, onde há relatos de cães que são esfaqueados e enforcados.

O crime ambiental revolta os moradores estrelenses, que exigem o cumprimento da Lei dos Crimes Ambientais e a atuação do poder público. Entre as penas previstas estão: prestação de serviços comunitários, multa que varia entre R$ 500 e R$ 3 mil, além de prisão de três meses a um ano. Casos em que são ocorrem métodos de crueldade para execução ou tortura de animais são considerados agravantes.

Segundo o coordenador regional da Patrulha Ambiental da Brigada Militar (Patram), Dari Scherer, afirma que o trabalho da patrulha é direcionado para prevenção dos crimes, mas que depende da atuação das secretarias de Meio Ambiente para amenizar a deficiência de controle populacional.

Para o secretário de Meio Ambiente de Estrela, Hilário Eidelwein, o abandono e maus-tratos aos cães estão entre os mais graves problemas da pasta. Segundo ele, existe pouca participação da população, o que dificulta as ações. “Se cada um cuidasse de seu animal [para evitar a reprodução descontrolada], não teríamos um problema tão grande.”

Um projeto de campanha de vacinação, incluindo a chamada castração química, está sendo desenvolvido na cidade. As primeiras reuniões foram realizadas nesta semana, e a proposta pode se tornar lei municipal até a metade do ano. As vacinas serão destinadas a cães com proprietários e aqueles que chegarem ao canil municipal.

Canis e ONGs da região não têm vagas para receber novos animais. No levantamento envolvendo Lajeado, Estrela, Encantado, Teutônia e Arroio do Meio, apenas Lajeado tem um programa de castração em funcionamento.

Enforcamento

Marli Cortês, moradora de Estrela, informou ontem o caso de um cão morto por enforcamento. Ele foi encontrado amarrado a uma árvore às margens do Rio Taquari, no loteamento Marmitt, bairro Moinhos, onde há número de cães abandonados. Cerca de 800 estão nesta situação, segundo estimativa da administração municipal.

Ela afirma que inexiste um número preciso de agressões ou mortes, mas são frequentes. “Quase todas as semanas fico sabendo de algum caso envolvendo cães, gatos e cavalos.” Lembra que há três meses, outro cachorro de rua foi morto a facadas, no bairro Oriental.

Outra prática, segundo ela, é de pessoas do bairro que pagam para matar os cães abandonados. Os motivos, normalmente, estão associados à idade, doença ou reprodução dos animais. “Ouvi relatos de pessoas que afirmaram ter pago R$ 5 para que matassem um cachorro a pauladas.” Marli acredita que um projeto com o foco no controle populacional pode resolver a situação.

Abandono em Estrela

A aposentada Carmem Siqueira, 65, conta é comum o abandono de animais no bairro. O acesso fácil pela BR-386 facilita que as pessoas os abandonem. Segundo ela, eles são largados à noite, não sendo possível anotar placas ou identificar os condutores. Ela tem um cachorro, mas não deixa de alimentar os que estão abandonados.

Riscos

O biólogo do município, Cristian André Prade, alerta para os riscos que os animais abandonados geram à população. Além de doenças e pragas, o próprio territorialismo dos cães oferecem risco para quem anda pela ruas.

Para amenizar a situação, Prade encaminhará um projeto de lei ao Executivo propondo medidas disciplinares aos donos de animais a fim de evitar maus-tratos e o abandono. O município estudará uma forma de realizar a coleta dos animais abandonados, efetuando a castração e posterior doação.

Abaixo assinado

Em Roca Sales, há mais de duas mil assinaturas pedindo a retirada de animais das ruas, sendo criada uma casa de passagem ou um abrigo. Entre os bairros mais afetados está o Dois Lajeados, Linha 21 de Abril e Loteamento Sete de Setembro.

A calçadista Maria Terras cita que o grande número de cães e gatos soltos pelas ruas perturba os moradores à noite, devido ao barulho. Ela também se preocupa com os bichos, que passam fome e podem ser atropelados. Espera que o município recolha os animais, efetuando a castração e evitando a continuidade dos abandonos.

Da mesma forma, outra moradora, a costureira Janete Vasconcelos, fala da necessidade de castração dos bichos e mais cuidado dos donos, mantendo seus animais domésticos presos. Relata que por vezes vê cães e gatos rasgando os lixos e poluindo as ruas, temendo que possam transmitir doenças também.

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