Medicina tão boa quanto a dos donos

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Medicina tão boa quanto a dos donos

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Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

cuidadosDeixar um animal de estima­ção morrer doente por falta de diagnóstico qualificado deixou de ser realidade local. Clínicas veterinárias da re­gião adaptam-se aos avanços tecnológicos da medicina, recorrendo a exames, a tratamentos e a cirurgias semelhantes as que salvam vidas humanas. Na região, os donos levam seus bichos de estimação para cidades vizinhas em busca de veterinários que tratam os animais com medicina avançada, gastando altos valores para os curarem. No ano pas­sado, as famílias brasileiras investiram R$ 696 milhões em consultas, medicamentos e vacinas para seus cães ou gatos. O valor é 13 vezes maior que o orçamento anual do Hospital Bruno Born (HBB) de Lajeado – R$ 51 milhões – que atende pacientes humanos de todo Vale do Taquari.

Os cuidados preventivos com os animais ainda são fracos em Lajeado. A maioria procura orientação clínica apenas quando aparecem os sintomas de uma doença. Mesmo assim cada vez mais o tratamento com os equipamentos são facilitados, caso o dono se disponha a pagar pelo serviço de urgência. O Brasil é o segundo país com maior população canina – uma média de um cão e meio para cada lar. São mais de 500 raças reconhecidas pelo Kennel Club Brasileiro, clube de registro de genealogia canina, e todas elas criadas por seleções artificiais feitas pelo homem, provocando a modificação de tama­nhos e aparência. Essa experiência facilitou o surgimento de doenças genéticas e deficiências físicas, tornando o cão um paciente crônico.

A cadela Cacau, de 4 meses, fraturou a perna e sua dona Andréia da Cruz, de Lajeado, a levou na tarde de quinta-feira até Venâncio Aires no único veterinário da região que tem equipamen­tos avançados para diagnósticos, consultório e centro cirúrgico em um mesmo ambiente. O profissional Luciano Frozza colocará um parafuso ósseo na perna da cachorra e a dona terá que pagar cerca de R$ 600 para a cirurgia. O custo para Andréia é alto, mas assim terá a oportunidade de tratar a Cacau.Frozza tem em seu espaço de trabalho equipa­mentos, como raio X e ultrassom e faz cirurgias ortopédicas, oftálmicas, quimioterapia e outras gerais, que variam de R$ 400 a R$ 1 mil. Por dia, ele realiza em média dois procedimentos cirúrgicos em animais domésticos. Em alguns meses estará construída a nova sede – uma clínica veterinária que terá novos serviços como Mielografia (radiografia da medula espinhal), cirurgias da coluna e um plano de saúde voltado ao bem-estar do animal.

Exames de sangue e diagnósticos quase humanos

Há um ano a região conta com um Centro de Pesquisa e Análises Clínicas Veterinárias, em Lajeado, único no interior gaúcho que presta trabalho exclusivo para animais. O serviço dá apoio e certeza aos diagnósticos de clínicas veterinárias em relação a doenças que possam ter a partir de sintomas. São oferecidos mais de 200 tipos de exames aos bichos, em especial de sangue, colesterol e diabetes.

A golden retriver, Mel, está há meses com manchas pretas em algumas partes do corpo, seus donos preocupados levaram-na para saber como tratar o problema. “Há poucos anos esse diagnóstico não seria possível na região”, ex­plica o fisiologista Rogério Daniel Porcher. A cadela foi submetida a uma raspagem de pele para iden­tificação de ácaros e fungos. Será feita a análise no laboratório e após encaminhado para o veterinário responsável pelo animal que pas­sará a informação e o tratamento adequado para o dono.

A biomédica Juliana de Vascon­cellos conta que com a diversifi­cação de exames existentes no mercado é possível fazer a cada seis meses um check-up no bicho para prevenção. “É importante conhecer a saúde do animal para prevenir doenças primárias dentro do lar”, explica.

Veterinário retirou seis pedras na bexiga

A cadela Luna, uma shihtzu, de 5 anos, foi submetida há poucos meses a uma cirurgia para retirar seis pedras de sua bexiga. Com sintomas parecidos a de um humano, a cachorra passava o dia urinando pelo apartamento de sua dona Juliana Moi, de Lajeado. Levada a uma veterinária da cidade foi diagnosticado o problema e solu­cionado dias depois. Luna tem um problema de pele e há dois anos usa medicamentos contínuos, mas os veterinários não encon­traram a solução para a doença. Com a outra cachorra, Mel, de 6 anos, Juliana não teve preocupações relacionadas à saúde.

A família dessas shihtzus gasta em média R$ 250 por mês para mantê-las saudáveis e adaptadas ao convívio em um apartamento. Juliana encaminha-as todas as semanas para o banho e higienização em um pet shop. A ração é especial e custa cerca de R$ 50 o quilo. Há os gastos com medicamentos, vacinas anuais e consultas no veterinário que ocorrem assim que uma delas apresenta qualquer sintoma ou temperamento diferen­te. “Luna e Mel são minhas filhas caninas. Meu marido e minhas filhas humanas também consideram-as membros da famí­lia”, menciona. Juliana conta que sua filha mais velha, Fernanda, 4 anos, teve febre alta quando a cadela Luna foi levada para a cirurgia. A dona conta que as cachorras foram adquiridas antes de ela ter as suas filhas e explica que o convívio das meninas com as shihtzus tornou-se forte.

Passear é um investimento para saúde

A adoração por cães levou Gracieli Zenkner, 22 anos, a fazer um curso de treinamento comportamental dos animais e adaptar-se a um novo ramo profissional – o Dog Walker, levando os bichos para passear. A jovem trabalha ainda com o pet sitter, cuja função é cuidar dos animais na casa do dono enquanto ele viaja.

O trabalho de Graciele é inovador no Vale do Taquari e foi trazido de países como Ar­gentina e Estados Unidos. Ela explica que na região, principalmente em Lajeado, há muitos animais domésticos em apartamentos, fato que facilitou a adaptação e a aceitação do serviço pelos donos. Os preços para passear com os cães mudam conforme o tempo (20 ou 40 minutos) e quantidade de vezes por semana que a profissional buscar o animal, podendo variar de R$ 30 a R$ 200 por mês.

A profissional relata que as caminhadas previnem a saúde do animal e podem mudar o humor dele, diminuindo latidos e agressi­vidade. Nas caminhadas ela treina o cão a socializar-se e a caminhar de forma correta ao lado do dono. Outro fator indicativo para a escolha do trabalho é a redução da obesidade dos cães.Em cinco meses de trabalho, Graciela conquistou dez clientes fixos e recebe por mês 30 pessoas em média interessadas e curiosas sobre o serviço. “É um serviço novo, mas que os proprietários de cães terão acesso fácil e sem medicamentos”, explica.

Dentes brancos são sinônimo de saúde

Cuidar dos dentes de cães e gatos é um passo importante para evitar problemas de saúde no animal. Assim como nas pessoas, é fundamental manter uma rotina de higiene bucal. A veterinária Monalisa Ledur, de Lajea­do, indica três escovações por semana no animal. Segundo ela não é preciso usar creme dental, mas se for usada deve ser a apropriada para bichos.No entanto, se os cuidados caseiros foram evitados por meses a limpeza dentária é necessária. O procedimento é um avanço na tecnologia e na área veterinária. Além de estético ele con­trola o acúmulo bacteriano, elimina o mau hálito e evita doenças.

Foto Caroline Leipnitz

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