Brigas entre alunos  desafiam autoridades

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Brigas entre alunos desafiam autoridades

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Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

Brigas entre alunos tornam-se rotina em escolas da região. O fato preocupa alunos, pais e professores e está ligado ao uso de drogas, com­portamento agressivo dos jovens e até mesmo ao bullying. Em frente à Escola Estadual Guararapes, de Arroio do Meio, estudantes sofrem agressões semanalmente após as aulas noturnas.

Ameaçados por “brigões” que esperam os estudantes sem motivo anunciado na saída do portão principal da instituição de ensino, os professores recorrem a Brigada Militar (BM) da cidade todas as quintas e sextas-feiras, dias em que acontecem os atos. Con­forme a direção da escola, as brigas são motivadas por desavenças em festas de finais semanas, ciúmes de namorados e vinganças de brigas anteriores.

brigasHá três meses, um jovem de 17 anos foi agredido em frente ao colégio ao socorrer um amigo. Os agressores bateram nos dois colegas de aula por ciúmes. Com medo de represálias o jovem não registrou ocorrência na polícia local. Ele pensou em vingan­ça, mas por conselhos dos pais tenta esquecer o que sofreu. “Conheço os agressores, sei que estavam drogados e até podiam estar armados”, diz.

Outro jovem de 16 anos nunca sofreu agressão, mas diz que presen­cia brigas em frente à escola todas as semanas. “Elas acontecem no fim da aula, saio da escola e corro direto para dentro do ônibus” diz. O rapaz quer mais policiamento e afirma que sem segurança as brigas voltam a acontecer.

Os alunos contam que os vândalos se escondem durante a aula em um pa­vilhão do outro lado da rua, onde usam drogas e planejam estratégias para atuar no término das aulas. No mo­mento em que é liberada a saída dos alunos os agressores os perseguem. Na maioria das vezes eles desconhecem o motivo das agressões. A pancadaria cessa apenas com a chegada de via­turas da BM

O diretor da escola, Paulo Backes, comenta que se reuniu no mês passado com a comandante da BM e ficou estabelecido que todas as noites uma viatura fará patrulhamento nas imedia­ções da escola. Backes acrescenta que nunca houve briga dentro do colégio, mas sabe das ocorrências do outro lado dos portões. “Estamos resolven­do esse problema, é muito importante que alunos nos informem sobre ame­aças feitas a eles” comenta.

Pai revoltado com falta de segurança

O pai de uma aluna, Bruno Teloken, acredita que as brigas são provocadas sempre pelas mesmas pessoas e motivadas pelo uso de drogas. “Acho que se drogam e depois querem mostrar para os outros que são eles que mandam no local” diz. O pai confessa a preocupação com a falta de segurança nas ruas da cidade e idas da filha na escola no turno da noite, “o uso de drogas em locais públicos é normal, não sei como a BM não faz nada, eles deveriam prender os usuários”, comenta o pai, revoltado com a legislação que permite o consumo.

BM sabe de apenas duas brigas

A capitã da Polícia Mili­tar de Arroio do Meio, Ana Maria Hermes, alega que a BM foi informada de ape­nas duas brigas em frente à Escola Estadual Guararapes nas últimas duas semanas e quando a viatura chegava na escola os jovens não estavam mais no local. Ela conta que a BM trabalha com o Programa Patrulha Escolar, em que policiais são destinados a verificar todas as escolas do município.

A comandante explica que quando os jovens fo­rem pegos em flagrante agredindo outros meninos serão encaminhados para a Delegacia de Polícia para relatar o ocorrido e enca­minhados ao Ministério Público (MP).

“A escola não pode omitir fatos para promotoria”

O promotor de Justiça da cidade, Paulo Stevam Araújo, ressalta que até o momento a escola não procurou o MP para falar sobre as brigas, envolvendo alunos. Conforme o promotor, se o fato acontece fora da escola ela não é responsável, mas deve auxiliar com informações ao MP e ao Conselho Tutelar, porque en­volve estudantes, “a escola não pode omitir fatos”. Ele conta que na cidade há poucos registros de menores infratores e o de maior gravidade é o furto.

“Nunca reclamaram sobre brigas em frente a es­colas”, diz. Paulo afirma que quando acontecem as violências físicas e verbais com poucos danos, as pessoas deixam de registrar ocorrência e esquecem de relatar os fatos ao MP. Quanto ao bullying, o promotor acredita que o problema não existe na cidade.

Agressões podem ser consequências de bullying

Especialistas na área educa­cional afirmam que a maioria das agressões em escolas é motiva­da pela prática do bullying. Ele manifesta-se de muitas maneiras e pode incluir atitudes variadas como: violência física e agres­sões, linguagem vulgar, apeli­dos e humilhações, ameaças e intimidações, extorsão, furtos e roubos ou a exclusão do grupo de colegas. Na noite de terça-feira, um jovem de 15 anos alvo de go­zações de colegas foi morto em Porto Alegre com um tiro no peito após reagir aos insultos.

A coordenadora regional de Educação, Maria Eunice da Ro­cha Werle, defende que na rede estadual as agressões são rela­cionadas ao uso de drogas. Ela acredita que o bullying está ligado a agressões de adolescentes mais jovens. A coordenadora pre­tende nos próximos dias reunir os diretores estaduais para conver­sar sobre violência nas escolas. A intenção é evitar acontecimentos como os de março, em que em uma semana foram registrados três crimes.

Conforme pesquisa do Mi­nistério da Educação (MEC) 64% dos diretores de colégios estaduais, 53 % dos municipais, e 46% dos privados dizem que a indisciplina é um dos fatores mais preocupantes no ensino e que favorecem ao comportamento agressivo dos jovens.

Polícia na escola como prevenção

Desde que atua como guar­da no Colégio Estadual Cas­telo Branco, maior da região, o sargento aposentado Vilson Rocha de Quadros, relata que teve de deter jovens com porte de arma de fogo e drogas e enfrentar gangues para de­fender alunos ameaçados de morte. Conforme a direção da escola, a presença de um poli­cial reduziu a criminalidade na instituição, porque ele inspira respeito aos estudantes.

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